Desapego
– que difícil exercício em nossas vidas!
Muitas
vezes nos apegamos a coisas, situações, pessoas, pela
idéia equivocada de que aquilo nos pertence, pelo costume que se formou, pelo
medo do novo, do “desafio do desconhecido”... sem nos darmos conta da
transitoriedade da vida, do quanto tudo é fugaz
- queremos o tempo todo negar a impermanência!
Assim
também em nossos relacionamentos. Como é difícil amar com desapego, com total
consciência de que o outro não nos pertence, não é “nosso”, mas sim um
companheiro de jornada que naquele momento está escolhendo caminhar conosco... isso vale para todos os que caminham conosco:
pais, filhos, amigos, namorados, cônjuges, parentes... Acontece que a vida é dinâmica, de repente as
coisas mudam e podemos não ser mais a
escolha do outro, às vezes as pessoas mais próximas de nós podem desejar fazer novos
percursos, podem desejar o afastamento ... o que fazer então?
É
uma experiência muito dolorosa – só quem já passou sabe. Principalmente se
ainda amamos e desejamos a companhia daquele ser com o qual nos acostumamos a
dividir a vida... mas nem sempre há uma sincronia nos desejos – o nosso pode
estar com o outro, mas o do outro não estar conosco... Nesses casos só nos
resta aceitar, por mais que doa. Não há
nada que se faça, que se diga, que tenha o poder de colocar sentimento e desejo
no coração de alguém – simplesmente eles existem ou não! E se somos maduros
emocionalmente não vamos querer ninguém “atrelado” a nós se não for por vontade, por desejo, por
amor...
Ter
o coração partido é uma das experiências mais dolorosas da vida... é uma dor
que não tem tamanho, não há como mensurar. Dói tanto que a dor chega a ser física. Mas quando os fatos assim
se apresentam – a relação chegou ao fim, o outro não mais nos deseja por
companhia, não mais nos elege para dividir a vida, os planos, os sonhos, a cama...
a única saída é a aceitação! De que
adianta “brigar”? Acaso um amor
disputado “a tapa”, ou mantido na base do convencimento, da persuasão é o que queremos? É claro que não. Todos queremos
ser amados pelo que somos e como somos. Queremos ser a escolha legítima e sincera do outro – esse o amor que
desejamos.
“Só
podemos chegar ao novo quando desapegamos do velho”, diz-nos a frase cheia de
sabedoria...
Dói
praticar o desapego, somos muitas vezes como “crianças espirituais” – imaturas,
egoístas, crianças que não querem “perder”... mas é necessário lidar com as
perdas, com as frustrações – isso nos faz crescer, nos faz mais fortes.
Todo
amor vale a pena. Não importa se foram muitos anos, se foram meses, semanas –
importa a qualidade, a intensidade e a sinceridade daquilo que se viveu. E
quando o amor acaba, ainda que haja sofrimento e dor (e como há!), ficam as
boas lembranças que um dia não doerão
mais, ficam os aprendizados que nos preparam para um próximo relacionamento, ficam
as marcas indeléveis de momentos partilhados, as associações que sempre serão
feitas ligando lugares, cheiros, canções, à história por nós vivida... só não
deve ficar conosco a mágoa, o rancor, o ressentimento (ressentir é “sentir de
novo”, é reviver a dor pungente muitas e
muitas vezes...), por que nos fazem
muito mal.
Quando o amor acaba, ou quando ele se transforma (muitas vezes não
acaba, transforma-se em amor-amizade, amor-gratidão, amor fraternal), é
importante que consigamos extrair dele o melhor, nos tornarmos pessoas melhores
depois da experiência, ainda que dolorosa. Cada experiência, cada aprendizado,
cada lágrima nos fortalece e prepara para algo melhor que virá.
O
fim de um amor não significa somente um final triste e doloroso de algo que um
dia já nos preencheu a vida de alegrias. Significa também o começo de um novo
ciclo, o convite da vida a nos “desapegarmos” e seguirmos em frente, ao
encontro do novo que virá... novas situações, novas experiências, novas pessoas
a conhecer, novas paisagens a vislumbrar...
E
tenhamos certeza: o novo sempre vem! E se soubermos passar pelo difícil período
da transição, se soubermos aprender as lições que ele nos deixa, veremos que de
fato, como assegura Paulo de Tarso em sua epístola aos Romanos: “tudo contribui para o bem daqueles que amam
a Deus”!
Querida, com toda certeza a dor de amor é a mais dolorosa. Seja qual for a forma deste amor, sua perda doi demais. Más, cada ser tem o livre arbitrio de fazer suas escolhas independente de nossos desejos. A unica forma de acalmarmos o coração é aprender a esperar no tempo...ele tudo diminui e amansa. Bjs!!!
ResponderExcluirMargareth, querida amiga! Com certeza... o tempo cura tudo! E está me curando também. Beijos.
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