domingo, 6 de maio de 2012

Desapego - um difícil exercício!




Desapego – que difícil exercício em nossas vidas!
Muitas vezes nos apegamos a coisas, situações, pessoas, pela idéia equivocada de que aquilo nos pertence, pelo costume que se formou, pelo medo do novo, do “desafio do desconhecido”... sem nos darmos conta da transitoriedade da vida, do quanto tudo é fugaz  - queremos o tempo todo  negar a  impermanência!
Assim também em nossos relacionamentos. Como é difícil amar com desapego, com total consciência de que o outro não nos pertence, não é “nosso”, mas sim um companheiro de jornada que naquele momento está escolhendo caminhar conosco...  isso vale para todos os que caminham conosco: pais, filhos, amigos, namorados, cônjuges, parentes...  Acontece que a vida é dinâmica, de repente as coisas mudam e  podemos não ser mais a escolha do outro, às vezes as pessoas mais próximas de nós podem desejar fazer novos percursos, podem desejar o afastamento ... o que fazer então?
É uma experiência muito dolorosa – só quem já passou sabe. Principalmente se ainda amamos e desejamos a companhia daquele ser com o qual nos acostumamos a dividir a vida... mas nem sempre há uma sincronia nos desejos – o nosso pode estar com o outro, mas o do outro não estar conosco... Nesses casos só nos resta aceitar,  por mais que doa. Não há nada que se faça, que se diga, que tenha o poder de colocar sentimento e desejo no coração de alguém – simplesmente eles existem ou não! E se somos maduros emocionalmente não vamos querer ninguém “atrelado” a  nós se não for por vontade, por desejo, por amor...
Ter o coração partido é uma das experiências mais dolorosas da vida... é uma dor que não tem tamanho, não há como mensurar. Dói tanto que a dor  chega a ser física. Mas quando os fatos assim se apresentam – a relação chegou ao fim, o outro não mais nos deseja por companhia, não mais nos elege para dividir a vida, os planos, os sonhos, a cama... a única saída é a aceitação!  De que adianta “brigar”?  Acaso um amor disputado “a tapa”, ou mantido na base do convencimento, da persuasão  é o que queremos? É claro que não. Todos queremos ser amados pelo que somos e como somos. Queremos ser  a escolha  legítima e sincera do outro – esse o amor que desejamos.
“Só podemos chegar ao novo quando desapegamos do velho”, diz-nos a frase cheia de sabedoria...
Dói praticar o desapego, somos muitas vezes como “crianças espirituais” – imaturas, egoístas, crianças que não querem “perder”... mas é necessário lidar com as perdas, com as frustrações – isso nos faz crescer, nos faz mais fortes.
Todo amor vale a pena. Não importa se foram muitos anos, se foram meses, semanas – importa a qualidade, a intensidade e a sinceridade daquilo que se viveu. E quando o amor acaba, ainda que haja sofrimento e dor (e como há!), ficam as boas lembranças  que um dia não doerão mais, ficam os aprendizados que nos preparam para um próximo relacionamento, ficam as marcas indeléveis de momentos partilhados, as associações que sempre serão feitas ligando lugares, cheiros, canções, à história por nós vivida... só não deve ficar conosco a mágoa, o rancor, o ressentimento (ressentir é “sentir de novo”, é reviver  a dor pungente muitas e muitas vezes...), por que  nos fazem muito mal. 
Quando o amor acaba, ou quando ele se transforma (muitas vezes não acaba, transforma-se em amor-amizade, amor-gratidão, amor fraternal), é importante que consigamos extrair dele o melhor, nos tornarmos pessoas melhores depois da experiência, ainda que dolorosa. Cada experiência, cada aprendizado, cada lágrima nos fortalece e prepara para algo melhor que virá.
O fim de um amor não significa somente um final triste e doloroso de algo que um dia já nos preencheu a vida de alegrias. Significa também o começo de um novo ciclo, o convite da vida a nos “desapegarmos” e seguirmos em frente, ao encontro do novo que virá... novas situações, novas experiências, novas pessoas a conhecer, novas paisagens a vislumbrar...
E tenhamos certeza: o novo sempre vem! E se soubermos passar pelo difícil período da transição, se soubermos aprender as lições que ele nos deixa, veremos que de fato, como assegura Paulo de Tarso em sua epístola aos Romanos:  “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus”!

2 comentários:

  1. Querida, com toda certeza a dor de amor é a mais dolorosa. Seja qual for a forma deste amor, sua perda doi demais. Más, cada ser tem o livre arbitrio de fazer suas escolhas independente de nossos desejos. A unica forma de acalmarmos o coração é aprender a esperar no tempo...ele tudo diminui e amansa. Bjs!!!

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    1. Margareth, querida amiga! Com certeza... o tempo cura tudo! E está me curando também. Beijos.

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