A finitude nos surpreende... por que nunca nos acostumamos a pensar nela, a encararmos o fato de que somos findos – nós e todos à nossa volta... e tudo!
A dor da despedida de alguém que amamos é imensurável...
Ficamos a pensar que nunca
mais teremos aquela presença... Como viver sem que nossos olhos encontrem
aquele olhar? Sem ouvir aquela voz, aquele riso?Sem sentir aquele perfume? Como não receber mais o carinho de quem amamos?
Ficamos a recordar todos
os momentos, bons e ruins, em que tivemos aquela pessoa ao nosso
lado!
A morte é uma experiência impactante, não há como negar... por que apesar de ser a única certeza da vida
(a de que um dia vamos morrer), nunca nos sentimos preparados para ela...e para a dor que vem junto!
Por uma questão cultural a morte é associada ao fim. Entretanto, o maior Mestre da Humanidade morreu e retornou, ressurrecto, para mostrar-nos de forma inequívoca que a vida continua!
Encontrei ao longo de
minha vida uma maneira suave para lidar com ela – essa grande “dama” que chega
e nos convida a uma mudança que não desejamos!
Francisco de Assis
chamava-a carinhosamente de “irmã morte”... por que sabia que ela não era ruim,
que era de fato um acontecimento natural, uma passagem que nos conduzia a uma
vida melhor.
Sim... a uma VIDA melhor!
Por que a vida continua... não no corpo inerte que
fitamos cheios de dor e pesar... mas para o espírito que se liberta qual
passarinho, cuja gaiola foi finalmente aberta!
Foi no estudo da Doutrina
Espírita, e na vivência proporcionada por ela, que compreendi com tranquilidade a
morte... e consegui ver até mesmo beleza nesse momento extremo, nessa passagem que a todos aguarda.
Sei que dói. Já vivi isto diversas vezes para saber o quanto dói. Mas a certeza que tenho na vida que segue, as experiências
que já tive com os espíritos, as situações vivenciadas ao longo da vida, me
permitem dizer que há beleza nessa passagem, nesse momento final... é um "parto às avessas"! Assim como nascemos sendo esperados com todo amor, tendo médicos e enfermeiros a auxiliar em nossa chegada, também na partida há uma equipe que nos ajuda no desligamento, que nos assessora no retorno à Pátria Espiritual... e há amigos e antigos amores nos aguardando com alegria!
Nós porém, em nossa limitada percepção, só conseguimos ver o que se passa aqui.
Nós porém, em nossa limitada percepção, só conseguimos ver o que se passa aqui.
Já me emocionei muitas
vezes ao ver filhos se despedindo dos pais... pais dando adeus a seus filhos
naquilo que nos parece uma inversão absurda da cronologia natural...
Lembro-me do quanto me
emocionei ao ver a despedida de duas amigas de uma vida inteira, desde muito
jovens... e na velhice uma delas foi chamada à Vida
Maior... lembro-me do olhar da amiga que ficou, observando o corpo inerte da companheira de tantas alegrias e dores...
Também já tive os olhos marejados de lágrimas ao ver velhos casais se despedirem após longos anos de convivência...
algo que está ficando cada vez mais raro! E a exemplificação maior de amor e desapego
veio de uma senhora amiga, também já desencarnada, no enterro de seu amado
esposo, quando fui falar-lhe algumas palavras de conforto e ela me disse: “Melhor
assim... ele não saberia viver sem mim!” ... e também quando ouvi de uma outra senhora, bem idosa, cuja irmã com quem morava (as duas moravam sós) falecera: "Agradeço a Deus por que ela foi primeiro... se fosse eu ela sofreria muito!"
Ah... o amor! Quando ele se reveste de desapego, de renúncia, de perdão, quão mais belo fica!
O que fica de todas estas
cenas tristes do último adeus?
O Amor! Simplesmente o
amor!
Este sentimento que nos
une, que nos liga uns aos outros, ainda que tenhamos tantas diferenças, que
sintamos e pensemos de forma opostas!
E a grande descoberta que
fiz nesta vida é esta: o amor verdadeiro cria laços indissolúveis! Não importa
a distância, não importa se os nossos olhos não alcançam, se nossas mãos não tocam...
o amor nos une, nos liga de forma indelével!
E se formos capazes de
aguçar nossos sentidos (especialmente nosso “sexto sentido”), perceberemos vez
que outra a presença daqueles que amamos... ouviremos sua voz... sentiremos seu
perfume... seu abraço... ouviremos sua voz!
Ah... como eu gostaria de
poder dizer a todos que amo que a vida é linda, que a morte é a outra face da
vida, e portanto linda também!
É o repouso do
guerreiro... é o momento de fazermos o balanço de nossa existência, e seremos felizes se pudermos dizer, como Paulo de Tarso em sua epístola a Timóteo: "Combati o bom combate. Terminei a minha carreira. Guardei a fé"... é o alegre despertar para novas experiências... é o delicioso
reencontro com antigos amores que nos antecederam na marcha!
Peço sempre a Deus
serenidade nesses momentos. Para mim e para aqueles que estão realizando a
grande travessia.
Que nesses momentos doídos
de despedida possamos nos lembrar que estamos todos de passagem... e guardar em
nós a certeza do reencontro, por que o amor é um fio invisível, que nos liga e
nos une para a eternidade...
Quando temos certeza da imortalidade, as despedidas "finais" deixam de ser um "adeus"... para se tornarem um sereno e calmo "até breve"!
Quando temos certeza da imortalidade, as despedidas "finais" deixam de ser um "adeus"... para se tornarem um sereno e calmo "até breve"!
Lindas palavras... Obrigado Sylvia! :)
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