sexta-feira, 15 de maio de 2015

De repente cinquenta!






De repente cinquenta!
O tempo passou rápido demais...  ainda vejo em mim a criança que brincava com bonecas, que catava  conchinhas à beira de uma lagoa... ainda vislumbro a adolescente insegura,  descobrindo a poesia e sonhando com o magistério...  a jovem professora cheia de ideal e amor! Ainda me lembro da alegria do primeiro emprego... e de todos os que vieram depois! Lembro o deslumbramento do primeiro amor... o segundo amor... o casamento, os filhos – doces presentes que a vida me deu!
E olho para trás e percebo que a vida fluiu tão ligeira!  Apesar disso, cada conquista, cada dor, cada dificuldade, cada alegria... tudo foi tão “saboreado”!
Cinquenta anos... meio século de pequenas alegrias que se renovam a cada dia!
Experiências que consolidaram a minha fé, que me fizeram mais madura, que me trouxeram tantas reflexões, tantas vivências, tantos aprendizados... e a certeza de que ainda me sinto “criança”,  ávida por conhecer tantas coisas, com tanto a aprender...
E se no “invólucro” houve algumas perdas,  no conteúdo houve tantos ganhos!
A maturidade nos traz paz de espírito. Não a paz da ausência de lutas, de desafios, de dores... mas a paz que se alcança quando se tem mais paciência para esperar os resultados, quando se aprecia as pequenas belezas do caminho, quando se tem mais compreensão e menos julgamentos.
Aos cinquenta já é mais do que hora de se fazer um “balanço” – de se contabilizar acertos e erros, onde triunfamos e onde falhamos, onde poderíamos ter nos dedicado mais, onde exageramos, o que não avaliamos bem, o que deixamos pelo caminho e que não deveríamos ter deixado... alguns sonhos, projetos, ideais. Também é um bom momento para nos perguntarmos o que precisamos mudar, o que precisa ser reconstruído, que mudanças precisamos implantar para que a vida fique ainda melhor, mais leve, mais prazerosa... por que aos cinquenta, se conseguimos aprender algo, se “as fichas já caíram”, sabemos que a vida é para ser bem vivida, curtida a cada momento... sabemos que a vida é uma grande chance, oportunidade valiosa que não vale desperdiçar!
E quando nos damos conta, entre alegria e susto, que já se passou meio século, percebemos que uma urgência se impõe: ser feliz!
E ser feliz, para mim, é estar conectada comigo... é saber o que quero, o que me dá prazer, alegria, satisfação... é poder enfrentar os desafios de cabeça erguida, sabendo que estou fazendo o meu melhor!
Entre os grandes “ganhos” que a maturidade me trouxe destaco a enorme vantagem de ser mais generosa comigo mesma... de saber quais são os meus limites e que não preciso excedê-los para provar nada para ninguém. Minha luta continua sendo comigo mesma... e a prestação de contas com Deus! Por isso hoje, muito mais do que aos trinta ou quarenta, tenho a ousadia de ser eu mesma! De expor minhas opiniões, de ser autêntica e rir sem medo de gargalhar, de dançar do jeito que eu quiser (não fazia isso quando jovem! rs), de ser quem eu sou sem preocupar-me com o que vão pensar! De colocar a roupa que tenho vontade, sem pedir opinião a ninguém! De me portar diante da vida segundo os padrões que eu construí com as reflexões que fiz ao longo dos anos... Também aprendi a rir de mim mesma! A me perdoar pelos deslizes, a fazer piada das minhas mancadas... por que escolhi o bom humor como “companheiro de viagem”, e por que me compreendo aprendiz num processo em que o erro faz parte da aprendizagem.
Hoje sei expor, muito melhor do que antes, o que me desagrada, o que para mim avança o sinal do bom senso, da ética, do respeito... mas aprendi também (e esse é outro grande “ganho”) que cada um dá o que tem, que as pessoas são muito diferentes e não posso esperar que elas mudem ou que vejam o mundo pela minha ótica – só posso mudar a mim mesma, jamais ao outro.
Hoje estou mais tolerante comigo mesma... e me sinto muito melhor do que há anos atrás!
Aprendi a respeitar as diferenças... e a compreender que, definitivamente, cada um dá o que tem!
Sei das minhas dificuldades, mas descobri que não preciso fazer “queda de braço” com elas... rs
Sei que tudo e todos tem “dois lados”... e eu posso escolher por que lado enxergar as coisas!
Me aceito como sou – o “pacote” completo! E posso dizer que fiz as pazes comigo mesma.
Entendo o ser humano como um projeto de perfeição – e como todo projeto, há que aperfeiçoar-se, mudar aqui e ali, tentar melhorar sempre...
Na busca dessa perfeição surgem derrubadas e reconstruções, remodelagens, ousadias experimentais... rs
O melhor de tudo – o mais interessante e gostoso – é que no íntimo, bem lá no fundo, não sentimos a idade que temos! Podemos nos deliciar com o melhor que a maturidade nos trouxe e manter a alegria juvenil, a esperança, o vigor (não do corpo, mas da alma!), a determinação... qualidades que são do espírito imortal que somos, e que com o passar dos anos, se aprendemos bem as lições, só fica melhor!
E que venha a versão 5,1!

Nenhum comentário:

Postar um comentário