De
repente cinquenta!
O
tempo passou rápido demais... ainda vejo
em mim a criança que brincava com bonecas, que catava conchinhas à beira de uma lagoa... ainda
vislumbro a adolescente insegura,
descobrindo a poesia e sonhando com o magistério... a jovem professora cheia de ideal e amor!
Ainda me lembro da alegria do primeiro emprego... e de todos os que vieram
depois! Lembro o deslumbramento do primeiro amor... o segundo amor... o
casamento, os filhos – doces presentes que a vida me deu!
E
olho para trás e percebo que a vida fluiu tão ligeira! Apesar disso, cada conquista, cada dor, cada
dificuldade, cada alegria... tudo foi tão “saboreado”!
Cinquenta
anos... meio século de pequenas alegrias que se renovam a cada dia!
Experiências
que consolidaram a minha fé, que me fizeram mais madura, que me trouxeram
tantas reflexões, tantas vivências, tantos aprendizados... e a certeza de que
ainda me sinto “criança”, ávida por
conhecer tantas coisas, com tanto a aprender...
E
se no “invólucro” houve algumas perdas, no conteúdo houve tantos ganhos!
A
maturidade nos traz paz de espírito. Não a paz da ausência de lutas, de
desafios, de dores... mas a paz que se alcança quando se tem mais paciência
para esperar os resultados, quando se aprecia as pequenas belezas do caminho,
quando se tem mais compreensão e menos julgamentos.
Aos
cinquenta já é mais do que hora de se fazer um “balanço” – de se contabilizar
acertos e erros, onde triunfamos e onde falhamos, onde poderíamos ter nos
dedicado mais, onde exageramos, o que não avaliamos bem, o que deixamos pelo
caminho e que não deveríamos ter deixado... alguns sonhos, projetos, ideais. Também
é um bom momento para nos perguntarmos o que precisamos mudar, o que precisa
ser reconstruído, que mudanças precisamos implantar para que a vida fique ainda
melhor, mais leve, mais prazerosa... por que aos cinquenta, se conseguimos
aprender algo, se “as fichas já caíram”, sabemos que a vida é para ser bem
vivida, curtida a cada momento... sabemos que a vida é uma grande chance,
oportunidade valiosa que não vale desperdiçar!
E
quando nos damos conta, entre alegria e susto, que já se passou meio século,
percebemos que uma urgência se impõe: ser feliz!
E
ser feliz, para mim, é estar conectada comigo... é saber o que quero, o que me
dá prazer, alegria, satisfação... é poder enfrentar os desafios de cabeça
erguida, sabendo que estou fazendo o meu melhor!
Entre
os grandes “ganhos” que a maturidade me trouxe destaco a enorme vantagem de ser
mais generosa comigo mesma... de saber quais são os meus limites e que não
preciso excedê-los para provar nada para ninguém. Minha luta continua sendo
comigo mesma... e a prestação de contas com Deus! Por isso hoje, muito mais do que
aos trinta ou quarenta, tenho a ousadia de ser eu mesma! De expor minhas
opiniões, de ser autêntica e rir sem medo de gargalhar, de dançar do jeito que
eu quiser (não fazia isso quando jovem! rs), de ser quem eu sou sem
preocupar-me com o que vão pensar! De colocar a roupa que tenho vontade, sem
pedir opinião a ninguém! De me portar diante da vida segundo os padrões que eu
construí com as reflexões que fiz ao longo dos anos... Também aprendi a rir de
mim mesma! A me perdoar pelos deslizes, a fazer piada das minhas mancadas...
por que escolhi o bom humor como “companheiro de viagem”, e por que me
compreendo aprendiz num processo em que o erro faz parte da aprendizagem.
Hoje
sei expor, muito melhor do que antes, o que me desagrada, o que para mim avança
o sinal do bom senso, da ética, do respeito... mas aprendi também (e esse é
outro grande “ganho”) que cada um dá o que tem, que as pessoas são muito
diferentes e não posso esperar que elas mudem ou que vejam o mundo pela minha
ótica – só posso mudar a mim mesma, jamais ao outro.
Hoje
estou mais tolerante comigo mesma... e me sinto muito melhor do que há anos
atrás!
Aprendi
a respeitar as diferenças... e a compreender que, definitivamente, cada um dá o
que tem!
Sei
das minhas dificuldades, mas descobri que não preciso fazer “queda de braço”
com elas... rs
Sei
que tudo e todos tem “dois lados”... e eu posso escolher por que lado enxergar
as coisas!
Me
aceito como sou – o “pacote” completo! E posso dizer que fiz as pazes comigo
mesma.
Entendo
o ser humano como um projeto de perfeição – e como todo projeto, há que
aperfeiçoar-se, mudar aqui e ali, tentar melhorar sempre...
Na
busca dessa perfeição surgem derrubadas e reconstruções, remodelagens, ousadias
experimentais... rs
O
melhor de tudo – o mais interessante e gostoso – é que no íntimo, bem lá no
fundo, não sentimos a idade que temos! Podemos nos deliciar com o melhor que a
maturidade nos trouxe e manter a alegria juvenil, a esperança, o vigor (não do
corpo, mas da alma!), a determinação... qualidades que são do espírito imortal
que somos, e que com o passar dos anos, se aprendemos bem as lições, só fica
melhor!
E
que venha a versão 5,1!
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