domingo, 18 de outubro de 2015

A difícil arte de encerrar ciclos!


                      
 
Como é difícil fechar ciclos!
Ainda que eu perceba a necessidade de fazê-lo, ainda que eu observe a natureza, cheia de exemplos, de que a vida é feita de ciclos... as marés cheias e vazantes, as estações do ano, as fases da lua... a rosa que do broto transforma-se em flor exuberante, para depois perder o viço e cair da haste... ainda assim dói!
Não tem jeito. Faz parte do crescimento. Temos que aceitar.
Fico a me perguntar por que é tão doído. O que foi que não aprendi ainda... por que é tão difícil aceitar a finitude – de tudo e de todos?
Já tive em minha vida tantos ciclos... a infância cheia de risos e fantasias, a adolescência cheia de conflitos, o casamento na flor de juventude... os filhos, deliciosa experiência! O acordar de madrugada,  para ver se estão respirando...rs... As primeiras palavras, as descobertas, as festas escolares... a adolescência e seus enfrentamentos...  a primeira paixão... a idade adulta e os primeiros compromissos – cada fase tem seus encantos!
E de repente quando percebemos também nós encerramos nossos ciclos, enriquecendo-nos com experiências, algumas bem difíceis! Quando se vê, já não há mais criança em casa... o tempo passa, “cochilamos” um pouco e, quando despertamos, nossos jovens já viraram adultos e o ninho já está ficando vazio! Festas, viagens, programas, namoros, fins de semana com amigos... A casa ficou grande demais!
Tudo é tão temporário... tão fugaz! O tempo, esse “Senhor das Horas”, passa rápido demais!
Quando percebemos estamos maduros... daqui a pouco perderemos o viço... e como a rosa, um dia, deixaremos a haste.
E neste caminho vamos fechando ciclos, encerrando etapas,  despedindo-nos de pessoas queridas... Nosso olhos rasos d´água vêem partir os nossos amores... alguns para a eternidade, outros por escolha própria.
A vida segue seu curso. O rio desagua no mar – não há nada que o impeça!
Diante dessa “fatalidade” fico a me perguntar: por que é tão difícil? Qual  parte do DESAPEGO eu ainda não entendi?
Sei que somos imortais. Sei que um dia nos reencontraremos e que o tempo que vivemos hoje com nossos amores é tão importante que por isso se chama “presente” – embora muitos não se dêem conta disso... estresses desnecessários, brigas por motivos banais... e assim vamos desperdiçando o presente que recebemos!
Diante da fugacidade da vida, das coisas, das pessoas, das situações, fico tentando me colocar no alto da montanha e ver tudo isso “de cima”, de outro prisma... se nem sempre consigo é por conta das inúmeras imperfeições que carrego.
O homem sábio consegue... Sabe ver o diamante no carvão. Sabe esperar o concurso do tempo. Não se agasta, não desanima, sabe que tudo tem um “porquê”, ainda que não compreenda.
Tento aprender estas lições. Leio. Oro. Me esforço.... nem sempre consigo!
Preciso fechar alguns ciclos e preciso aceitar a finitude!
Já percebi ao longo da vida que quando a gente aceita dói menos... já perdi amigos que jamais pensei que se afastariam, já vi ir embora um grande amor, por escolha própria... já vi a traição de perto, de quem menos esperava! Já fui desvalorizada, prejudicada... E percebi que aceitar os fatos é o primeiro passo para livrar-nos da dor. Aprendi que as pessoas são como são e cada um dá o que tem. Aprendi que o erro sempre foi meu, por criar expectativas, por não enxergar o outro como ele era... por não compreender a natureza humana!
De cada episódio tirei uma lição... algumas se repetiram para que eu pudesse aprender direito! Rs
Aceitar.... aceitar... e aceitar!
É como diz minha mãe, do alto dos seus oitenta e sete anos: “Aceita e agradece!”
Penso em todas estas pessoas sofrendo com a guerra. Irmãos de caminhada que de repente, sem outra escolha possível, estão sendo obrigados a encerrar ciclos tão importantes... a deixarem para trás um lar, familiares, amigos, lugares queridos, referências de uma vida inteira! Me envergonho por sofrer por tão pouco!
Confio no Deus da Vida. Naquele que é o princípio e o fim. O alfa e o ômega. Que tudo sabe, que tudo vê, a tudo preside.
E é essa confiança que me move. Que me anima a levantar a cada dia, ainda que cansada, às vezes desanimada, às vezes triste... há um porquê, penso eu – e é justo! E isso me basta.
Fechar ciclos. Encerrar fases. Re – começar!
As lágrimas? Tenho fé que servirão para adubar o jardim dos meus sonhos... onde ainda nascerão muitas flores!

6 comentários:

  1. Voce escreve lindamente querida Sylvia...e tem imensa razão em cada palavra e em cada reflexão...dói sim...dói demais...apesar de ser inevitavel. Dói e nos amadurece, nos dignifica, nos fortalece apesar da dor. Más, tenho certeza de que nascerão flores sim...voce as merece!!!

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  2. Que texto maravilhoso, Sylvia! Você deveria escrever mais, mais e mais.
    Obrigada pelo presente, li e reli. Bjs.

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  3. Respostas
    1. Muito obrigada! É sempre muito bom me deparar com novos leitores aqui no blog! Beijos e votos de paz!

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