quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Mudanças...


Todos na Terra tem seu quinhão de dor... sem regime de exceção...
A Terra não é uma "estação de férias", embora muitas pessoas se comportem como se estivessem em permanente recreio.. até que chegue a visita indesejada da dor! 
Até o momento de despertar e compreender que viemos aqui para crescer, para algo mais que dormir, comer, namorar, trabalhar... viemos para nos tornarmos melhores - e crescer dói!
Há quem suporte dores acerbas com um sorriso nos lábios, com olhar sereno, a tal ponto que  quem não saiba ou não conheça, não suspeite as dificuldades que enfrenta, as dores morais que carrega!
E há os que gritam, "esperneiam", revoltam-se, reagem como crianças mimadas - mas não conseguem livrar-se da dor... pelo contrário,  a inconformação faz doer mais!
Se algo a vida me ensinou é que aceitar dói menos, que vale mais a pena perguntar-se "para que?" ao invés de "por que?"...  Para que isso está acontecendo? Que lição veio me trazer? O que devo modificar?  Muitas vezes não entendemos o por quê dos acontecimentos... resta-nos seguir adiante e enfrentar o que chega sem aviso, sem convite, o que chega de improviso e muda nossa vida... sem perder a fé, sem perder a esperança, cultivando a certeza de que as mudanças que não escolhemos e que nos são impostas, de alguma forma vem nos mudar e a nossa vida para melhor - ainda que de início não compreendamos!
Como diz a belíssima "oração da serenidade", devemos pedir ao Pai serenidade para aceitar as coisas que não podemos modificar... coragem para modificarmos aquelas que podem ser modificadas... e sabedoria para distinguir umas das outras!
Entendi, ainda que tardiamente (ah como queria ter entendido antes!), que na vida, de fato, só posso mudar a mim mesma... que não se pode mudar a ninguém, nem aos fatos que estão postos, sobre os quais não temos domínio!
A mudança é um roteiro individual, no qual  cada um é seu próprio roteirista, diretor e ator principal.  
Mudar é decisão que parte de dentro para fora... leva tempo, maturação, por que decidimos mudar mas o "homem velho" ainda habita em nós!  É uma decisão que precisa vir acompanhada de perseverança e de auto-perdão, por que mesmo desejando fazer diferente ainda incidiremos algumas vezes no mesmo erro. É ensaio, erro e acerto, repetição, repetição, repetição... 
Aprendi que posso mudar a forma de ver as coisas, de "sentir" os fatos - aprendi a não levar para o lado pessoal! Aquilo que o outro diz ou faz não é necessariamente "para mim", mas é o conteúdo pessoal dele, é o que ele tem a ofertar - e não é exclusivo para mim, mas para todos. Se repararmos bem, o arrogante será arrogante com todos à sua volta (exceto com aqueles que são mais poderosos que ele), o mentiroso mentirá repetidas vezes, para várias pessoas, não só para nós... quem gosta de falar mal, de apontar o dedo, de ver o lado negativo, age assim com todos... não levar para o lado pessoal economiza muitos dissabores, mágoas infundadas, tristezas desnecessárias!
Sempre ouvi minha mãe dizer duas frases, que hoje compreendo a sabedoria delas: "cada um na sua"  e  "cada um dá o que tem".
Partindo dessas duas premissas, hoje sei que cada um se encontra de fato "na sua" - no seu campo vibratório, na sua sintonia, sua faixa de interesses - e atrairá os iguais (como dizia uma querida amiga "lé com lé, cré com cré"), e muitas vezes a dificuldade de relacionamento, as decepções e ressentimentos vem do fato de não compreendermos que cada um tem o direito de estar "na sua" - todos temos o livre arbítrio, e cada um faz as suas escolhas! E se eu não me adapto, se não compartilho aquela sintonia, devo afastar-me  - simples assim!  
Hoje compreendi também a profundidade que há na afirmação "cada um dá o que tem"... e entendo que às vezes a pessoa nos faz um mal não por "maldade" premeditada, às vezes nem pretendia nos ferir! Mas pelo simples fato de que traz o interior conturbado, desequilibrado, amargurado. Às vezes as pessoas ainda não aprenderam a ser boas, generosas, a perdoar, a serem fraternas - ninguém consegue por muito tempo negar a sua própria natureza!  Muitos de nós somos diamantes brutos, sem brilho e com muitas impurezas... outros já estão no trabalho de aperfeiçoamento, com visíveis melhorias... e alguns poucos já tem seu brilho próprio, por que conquistaram, por que batalharam, por que cumpriram o seu processo de crescimento...
Certo é que todos nascemos para brilhar... "Brilhe a vossa luz" - disse-nos o Mestre.
E não há como conquistar o brilho sem mudar... sem as necessárias transformações.
Tenho mudanças a fazer... algumas já consegui realizar, outras estou tentando anos - mas refletindo sobre isto vejo que o fato de reconhecer que há trabalho a fazer, que o desejo da mudança precisa sair do campo do "desejo" e passar para a ação, já é um primeiro passo... por que observo que há muitas pessoas que nem sequer se dão conta de que precisam mudar - que simplesmente estagnaram!
Sinto que as mudanças urgem... o tempo avança inexorável!
É  preciso arregaçar as mangas e começar. Disciplina, muita disciplina... para conquistar o brilho que é nosso destino!
Lembro-me de Caetano, em sua música-poesia, "oração ao tempo":
"De modo que o meu espírito
 Ganhe um brilho definido
 Tempo Tempo Tempo Tempo
 E eu espalhe benefícios..."

 
   


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