domingo, 19 de agosto de 2012

Transitoriedade...

                                               

Esta semana fui convidada pela vida a pensar na transitoriedade das coisas... 

Definitivamente estamos só de passagem!
E não sabemos quando seremos "convidados" ao retorno...
E num hospital, onde se assiste a tantas dores, onde se conhece tantas histórias - de vida, de sofrimento, de luta, de superação, de "testemunhos" - fica ainda mais patente a transitoriedade de tudo!
Um dos maiores desafios da vida é termos essa consciência - nada nem ninguém nos pertence!
Temos somente a nós mesmos - nossas experiências, nossas conquistas, nossas dores, alegrias, aprendizados... Da vida só se leva aquilo que ninguém nos pode tirar, aquilo que se incorpora ao nosso patrimônio intelectual, afetivo, espiritual... só levamos aquilo que não podemos comprar!!!
E para os que argumentam dizendo que "dinheiro não traz felicidade mas manda comprar" é importante lembrar que: o dinheiro paga uma excelente escola - mas não compra o aprendizado; o dinheiro paga um excelente plano de saúde, financia os melhores tratamentos - mas não há como comprar saúde! O dinheiro compra as melhores roupas, paga tratamentos de beleza, mas não há como adquirir elegância, bom gosto, educação! Enfim... entre o que se pode adquirir e aquilo que é conquista intransferível do espírito vai uma grande distância!
Estamos todos no mesmo barco - outra reflexão que se faz num momento de dor, por que esta atinge a todos, indistintamente - somos aprendizes da mesma escola, alguns com mais interesse nas lições, mais vontade de aprender, e outros que ainda pensam que podem "matar aula", "colar" nas provas, sem consciência de que na escola da vida isso não é possível...
Estamos a caminho com as pessoas que nos cercam - parentes, amigos, colegas de trabalho, companheiros da mesma escola religiosa - estamos todos juntos por alguma razão! O mais bonito é perceber que todas as nossas relações vão formando uma enorme "teia" e é nela que encontramos o suporte necessário, os desafios a serem vencidos, as lições a serem aprendidas... todos temos algo a aprender e a ensinar!
E pensando na transitoriedade de tudo (coisas, pessoas, situações), lembremos de treinar o desapego, por que nada nos pertence... e ao refletirmos sobre isso veremos também o quanto tudo é fugaz : alegrias e tristezas, diferenças, mágoas, decepções... tudo fica tão pequeno quando visto de cima! Nos desgastamos tanto por bagatelas, nos preocupamos por coisas tão pequenas!
A vida é um presente maravilhoso... e esta sim não é transitória, por que na matéria ou fora dela, continua sempre!
Ah... que vontade de ser feliz! De curtir a vida, cada momento, cada oportunidade (mesmo as que sejam convites à reflexões dolorosas), cada nascer do sol, cada noite estrelada... poder viver plenamente, ciente da oportunidade maravilhosa que tenho!
E quando vierem as dificuldades, as dores, os testes, que eu possa lembrar que tudo é transitório, que um dia todas as dores terminam... e sorrir confiante, por que a despeito da fugacidade de tudo, a vida é uma festa que jamais termina!






terça-feira, 14 de agosto de 2012

O sono enfermiço da alma...

                                                    
     Algumas pessoas parecem dormir... mesmo quando acordadas, mesmo trabalhando, relacionando-se, vivendo...
       Há uma crescente "anestesia" moral : as pessoas  não despertam por que tem preguiça,  não fazem o certo por que "dá trabalho", não buscam o melhor por que se contentam com o "mais ou menos"...
      Vivem esperando que a vida melhore. Aguardam uma mudança, a chegada de circunstâncias favoráveis sem contudo fazerem por merecer.
      E seguem pela vida de uma forma "medíocre"...  sem grandes conquistas, sem grandes feitos...   Queixam-se e sentem-se injustiçadas por que não atingiram o sucesso que não buscaram, por que não colheram as flores que não plantaram!
         A vida é um celeiro de oportunidades.  Há que se estar atento,  para não perdê-las, para aproveitar a vida de fato e não apenas "passar por ela"... "Deixa a vida me levar, vida leva eu" só mesmo no samba do Zeca Pagodinho! Na vida real temos que tomar as rédeas nas mãos.
     Num mundo de tantas misérias morais, em que pais abandonam seus filhos e  filhos maltratam seus pais, em que o "ter"  vale muito mais do que o "ser", em que a honestidade deixou de ser a regra e passou a ser uma virtude, em que há tanto desamor e tanta dor precisamos estar alertas. Alertas para não errarmos tanto... para não nos deixarmos levar pelos enganos do mundo, pela falsa idéia de que o bem estar encontra-se atrelado às coisas materiais... "Não há nada que um dia no shopping não cure!" Li essa frase uma vez num grande shopping do Rio... que equívoco!
      Não podemos nos permitir dormir o sono enfermiço da alma... por que um dia, forçosamente,  seremos chamados a despertar e nos veremos confrontados com nossas escolhas...
     Ser fiel aos próprios valores, sem deixar corromper-se num mundo de tantos convites é um grande desafio. Mas é essa fidelidade que vai atestar o nosso valor, a nossa tenacidade no caminho da evolução.
      Educar um filho dá trabalho... é muito mais trabalhoso dizer não do que sim! Mas é isso que vai nos dignificar a existência, é esse o papel que se espera dos pais!
   Obter uma graduação é cansativo... requer horas de estudo, dedicação, pesquisa. Mas é isso que vai nos acrescentar como seres humanos, aprendizes que somos na escola da vida. É esse o material que iremos levar conosco - o conhecimento adquirido que nada nos retira!    
    Realizar o auto conhecimento é um processo longo, às vezes doloroso, que requer paciência. Mas é esse mergulho interior e a descoberta das nossas reais imperfeições que nos farão crescer!
    A vida nos apresenta muitos convites ... alguns nos levarão adiante, outros nos farão estacionar na marcha... alguns nos farão felizes de forma perene, outros representam a alegria de um momento que logo se acaba...
    Por que às vezes nos deixamos levar? Por que nos iludimos se já sabemos o que é certo e o que é errado? Nas questões morais não há "meio certo" - ou é ou não é! Mas como somos imperfeitos, nos comportamos às vezes como crianças mimadas e egocêntricas, tentamos achar escapatórias, atenuantes para disfarçar o nosso erro, que vem revelar a nossa fragilidade, o nosso lado "sombra" ainda tão presente!
      Ficar desperto não é fácil. Requer vigilância e oração, paciência, auto análise, persistência nos ideais abraçados...mas sem dúvida alguma é para os que caminham despertos que se descortinará o sol, espancando as trevas, aquecendo os corações e iluminando os caminhos!