sábado, 22 de dezembro de 2012

O "Amor não amado"...

                                                           
Lembro-me da primeira vez que li esta expressão, o "Amor não amado" numa mensagem psicografada... lembro que não entendi bem este título: como referir-se a Jesus assim, se há tantas pessoas que o amam?
Hoje eu entendo perfeitamente... 
Às vésperas de comemorarmos mais um natal, andando pelas ruas cheias, observando as lojas lotadas, ouvindo conversas e comentários aqui e ali, lembrei-me dessa referência ao Mestre - o Amor não amado!
Ele é o grande aniversariante. Ele deveria receber todas as honras, toda alegria, gratidão, todo o nosso amor! Mas passa quase desapercebido, a não ser por um presépio que se encontra aqui ou ali, enfeitando alguma vitrine...
O Natal se transformou numa grande data comercial, infelizmente.
Poucos pensam no seu  sentido, no seu significado, que vai muito além da mesa farta, das roupas novas, da troca de presentes... Poucos sentem o verdadeiro "clima" do Natal e deixam-se permear por ele em atos de bondade, em momentos de reflexão, de oração, de agradecimento. Eu diria mesmo que poucos convidam o aniversariante para estar em seus lares!
O Natal para mim sempre foi uma época mágica. Não pelos presentes. Não pelas decorações natalinas, tão lindas... mas pelo sentimento que me provoca!
Pensar que há dois milênios nasceu uma estrela fulgurante que se abrigou num berço feito de palha, um príncipe que não era deste mundo, que não iria herdar riquezas, poder temporal nem ter um palácio... mas que iria mudar o mundo, por que era o Príncipe da Paz, era aquele que viria ensinar e exemplificar novos valores, nova visão da vida e de Deus.
Emociona-me pensar no nascimento de Jesus.
Na trajetória de Maria grávida pelo deserto com José, rumo a Belém, para ali cumprir a ordem do recenseamento... no seu nascimento numa gruta humilde, usada para abrigar animais, por que não conseguiram um lugar entre os homens, algum lar que os acolhesse, alguma hospedaria que os acomodasse, pois estavam todas lotadas... 
Os homens estão lotados de preocupações, lotados de afazeres, alguns deles supérfluos que transformamos em necessários... os homens estão correndo muito atrás de conquistas materiais, preocupados com o "aqui e agora" e sem tempo para pensar em Jesus, para buscar no Evangelho a seiva que alimenta o espírito, o roteiro que pode salvar-nos quando toda esta "correria" cessar, independente de nossa vontade... quando formos convocados a um encontro conosco, a uma avaliação do que fizemos desse maravilhoso presente chamado "vida"!
Ah... como eu entendo hoje por que Lhe chamam "Amor não amado"!
Ele veio por que muito nos ama. Encarnou entre os homens, sofreu as constrições de um corpo pesado, de uma atmosfera densa, de energias deletérias, para estar entre nós, para nos ensinar o caminho... Ele veio resgatar-nos da treva para a luz, da tristeza para a alegria, da ignorância para o conhecimento das sábias Leis que nos regem a vida.
Observando as pessoas em suas correrias, nestes dias tão tumultuados, escutei fragmentos de conversas aqui e ali... uma mãe que se queixava por haver dado antecipadamente o presente à sua filha e, agora que o Natal se aproxima, a garota disse que já cansou do brinquedo, que deixou de ser novidade, e pede outro presente... outra mãe que busca desesperada um brinquedo por telefone, em lojas distantes, disposta a pagar mais caro, por que o filho de apenas três anos escolheu aquele brinquedo - não pode ser outro, tem que ser o escolhido - e ela não quer decepcioná-lo e, por isso, está disposta a pagar uma pequena fortuna no boneco que, segundo diz, é importado... ou uma cena numa loja em que a pessoa não sabia se comprava um presente ou dois, por que o presente escolhido era tão baratinho... o que o "presenteado" iria pensar? Meu Deus! Onde a simplicidade que a data pede? Onde o pensamento voltado para o real motivo da comemoração?
Quando meus filhos eram pequenos em todo Natal eu fazia um bolo confeitado, comprava velinha de aniversário e cantávamos parabéns para o menino Jesus... que momentos felizes!
Quando ouvi a mãe dizer que buscava o boneco tão longe e disposta a pagar bem mais caro pois não queria decepcionar o filho e que era capaz de fazer qualquer coisa por ele, tive vontade de me aproximar, de me intrometer na conversa alheia  e dizer-lhe:" leve seu filho até Jesus, apresente-O para ele, conte-lhe a história do Natal, monte junto com ele um presépio, ensine-o a amar Jesus!"  
E apesar de tudo isto, da nossa indiferença, de não termos conseguido aprender-Lhe as lições até hoje, de sermos tão egoístas, tão iludidos com as coisas do mundo - apesar de tudo - Jesus nos ama profundamente! Ele segue velando por nós, amando-nos pacientemente, aguardando o nosso despertar, aguardando para renascer em nossos corações, para transformar as nossas vidas em vidas de paz, de tranquilidade e harmonia.
Ah, Senhor Jesus! Quão grande é o Seu Amor por nós! 
Auxilia-nos em nossas imperfeições, em nosso egoísmo, nossa fragilidade...
Que possamos despertar e abrir a porta para você entrar... permitir que tu nasças na acústica de nossas almas e assim nos modificarmos para viver o Natal em plenitude - não em um dia apenas, mas em todos os dias de nossas vidas!

domingo, 2 de dezembro de 2012

Na reta final...

             

    Mais um ano chega ao fim... mais um na ampulheta do tempo!
    Quantos projetos realizei? Quantos problemas resolvi? Quantas alegrias partilhei?
    Não quero pensar no "menos" e sim no "mais". Não quero colecionar tristezas e sim conquistas!
    É claro que  momentos ruins aconteceram, mas aprendi com a vida a não me fixar neles. Aprendi que às vezes perdemos tanto tempo olhando a porta que se fechou que não conseguimos enxergar a linda paisagem da janela...
   Por isso decidi: nessa reta final, na contagem regressiva para o novo ano eu quero me refugiar num canto silencioso de minh´alma, ficar ali quieta, ouvindo o amor pulsar e me preparando para novas conquistas, novas alegrias, novos aprendizados. 
   Não quero entrar nessa "roda viva" de final de ano... correria de preparativos, presentes, endividamentos desnecessários... não quero nadar seguindo a correnteza... quero ir no sentido contrário!
    Quero me recolher... me preservar, para não me contagiar com o consumismo avassalador de final de ano...
   Quero enfeitar com flores minha casa e ver nela um lar.
    Quero a felicidade de cozinhar para meus filhos.
   Quero ler um bom  livro, beber um bom vinho, ouvir uma música que me alegre o coração!
    Quero encontrar os amigos,ligar para os que estão distantes e dizer-lhes que os amo.
    Quero a doce alegria  de estar em família...
    Por que nessa época do ano nós corremos tanto?    Compra-se roupas novas, móveis novos, faz-se reformas de última hora... parece que queremos mudar o exterior, "ajeitar" por fora,  sem consertar por dentro!
    Por que será que temos a impressão de que o tempo hoje passa mais rápido? Que num abrir e fechar de olhos o ano termina e não temos tempo para fazer nada? Não conseguimos começar aquele curso, realizar a viagem sonhada... não conseguimos levar adiante aquela promessa de ano novo, que se repete há alguns anos...
   Talvez isso ocorra por que não priorizamos as coisas certas... talvez por que nos ocupamos demais com o periférico, com o superficial, sem nos ocuparmos do que é essencial. Por que se ocupar com o essencial dá trabalho. Requer silêncio. Silêncio para ouvir a si próprio. Requer quietude para observar-se, e a vida nos convoca a tantos movimentos, tantas ocupações... há muita coisa para nos "distrair" do foco!
  E assim vamos levando... e os anos vão passando... 
   Até o dia em que somos defrontados por uma urgência: é preciso mudar! Antes que seja tarde demais, antes que não dê mais tempo para ser feliz...
   É muito bom quando isto acontece, quando nos damos conta, despertamos... por que então é possível promover mudanças verdadeiras, sermos nossos próprios aliados na conquista dessa tal felicidade.
   Somos artífices do nosso destino, compositores da nossa canção... então por que desafinamos? Por que muitas vezes nos boicotamos e nos recusamos a enxergar as nossas necessidades reais?
   Não quero mais me atender quando meu corpo já está gritando, quando minha'alma está sedenta de paz, quase desidratada... quero me conhecer melhor, quero perceber o que falta, do que preciso, quero chegar antes... antes dos sintomas, antes que a tristeza se instale, antes que as oportunidades estejam perdidas.
  Quero me apossar do meu destino, segurar as rédeas em minhas mãos e transformá-lo para melhor!
   Quero presentear o Cristo que vive em mim, ainda tão frágil, tão menino, com flores de alegria, com atos de amor, com propósitos de renovação... e se quero, posso!
   Nós somos deuses...assim disse o Mestre.
  Mais um ano que se vai no grande calendário da eternidade...
   Estamos na reta final... que possamos nos preparar para um Natal de paz e de amor, que possamos nos despedir de 2012 agradecidos pelas conquistas e aprendizados... 
  E que estejamos prontos para festejar a chegada do novo em nossas vidas!






 
 
 
                                                    

domingo, 18 de novembro de 2012

Desculpem o transtorno... estou em obras!



                                                        
Desculpem-me, mas estou em reconstrução. Algumas coisas em mim ruíram, outras estão prestes a desabar ... por isso não tenho sorrido muito, por isso estou tão cansada, por isso tenho ficado mais tempo comigo.  Tenho algumas coisas a reformar, outras tantas a  demolir e algumas a construir... sobretudo tenho muitas faxinas a fazer!
É um processo demorado, doído... requer humildade (eta  virtudezinha difícil de cultivar!), requer coragem, determinação, planejamento, reflexão...
Somos seres imortais, em permanente crescimento. O processo de aprendizagem, para quem já se descobriu falível e imperfeito não termina nunca... para aqueles que ainda não perceberam isto, que ainda não se conscientizaram da sua condição de ser “em construção”, pode demorar ainda mais!
Nesse processo tenho que me olhar... num espelho bem grande e cristalino, um espelho que não distorça a imagem, que não me faça parecer mais gorda, nem mais magra, mais velha nem mais nova... que me dê a exata noção de como estou. Muitos fogem disto... por que não querem ver a realidade, não querem perceberem-se falíveis. O que vemos neste espelho não há plástica que resolva!
O ser humano é um projeto maravilhoso de Deus... mas penso que o Grande Arquiteto nos cria, coloca em nosso interior o “projeto final” – perfeito, limpo, acabado, belo – mas a obra fica por nossa conta!  E o tempo que levará também... por que não podemos contratar ninguém, não podemos esperar que outros  façam por nós...
Percebo hoje com maior clareza o quanto é necessário, de tempos em tempos, fecharmos “para balanço”, para avaliarmos a necessidade de reformularmos pontos de vista, mudarmos de opinião... por que não?  É infantil permanecer na idéia que transmite o ditado popular “pau que nasce torto, morre torto”... por que mudar dá trabalho mas é preciso, aliás eu diria que é vital para o nosso bem estar!
Não somos “obras inacabadas”, somos “seres em construção”!
E é nessa condição que busco melhorar, superar medos, adquirir conhecimentos, realizar novas tentativas, exercitar o perdão a cada dia, elastecer a compreensão do outro e de mim mesma.
Perdoem a “poeira”, a falta de tempo, de sorrisos, a ausência, a necessidade de ficar só... estou em reconstrução!  Mas daqui a pouco convidarei a todos para a reinauguração... mais uma entre tantas!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Diversidade e beleza

                                     
    Aprendi, desde muito cedo, que o belo é um conceito muito relativo!
   A diversidade da vida sempre me encantou... tantas formas, tantas cores, tons, semitons...
   Vejo-nos a todos como seres únicos e, embora imperfeitos, embora "seres em construção", todos trazemos conosco nossa beleza peculiar!
   Onde se convencionou que o belo é deste ou daquele jeito?
  "A beleza está nos olhos de quem a vê", diz um sábio ditado...
   Por que então vivemos hoje a "ditadura" da moda, da magreza, dos cabelos lisos cheios de química, das clínicas de estética cheias de gente... todos correndo atrás da beleza efêmera!
   O homem saiu do "eixo", desequilibrou-se, perdeu o contato consigo mesmo e com Deus.
   Corremos na histeria da vida... precisamos trabalhar mais, para ganhar mais e gastar mais também...
    Onde a simplicidade? Onde a serenidade, a falta de pressa?
   O tempo para ouvir o outro, para doar-se... o tempo para admirar a beleza de um pôr de sol?
   E nessa corrida louca vamos nos afastando cada vez mais do que é essencial, deixando o centro, o foco, para nos ocuparmos do que é periférico...
  E a beleza surge como um impositivo, de maneira deturpada, como se fosse uma chave que abre muitas portas e por isso todos a desejam, vendo-a como um atributo físico somente e não como um conjunto de valores do ser humano que transborda e vivifica-se na aparência, no sorriso, no olhar, na energia que emitimos...
   O grande escritor Kalil Gibran escreveu, com a sabedoria que lhe era peculiar: "A verdadeira beleza é um raio que emana das profundezas do espírito, iluminando o corpo".
   Conheci certa vez uma menininha... havia sofrido paralisia cerebral... era tão doce, tão suave... seu corpo deformado... mas tinha um brilho no olhar, um jeito que era só seu, que me cativou profundamente... e como era bonita!
   Vejo a beleza nas rugas do rosto do ancião, no seu olhar manso e pacífico... vejo beleza nas mãos brutas dos que trabalham pesado... vejo beleza numa pequenina flor, que se oferece graciosa na beira da estrada...
   O belo é construção da alma... e quando conseguimos compreender isso alargamos os nossos paradigmas e passamos a ver beleza em tudo... inclusive em nós! Não a beleza da estética perfeita, da ausência de rugas, de cicatrizes, de celulites, a beleza da roupa bem talhada... nada disso! Vemos a beleza que transparece em cada ser... a beleza da alma, dos sentimentos, da nobreza de caráter... por que tudo e todos trazemos as marcas do Criador.
   A verdadeira beleza é uma conquista do espírito e nada tem a ver com estética.
   Dizem os biógrafos que Francisco de Assis não era um homem bonito. Teresa de Calcutá também não. Francisco Cândido Xavier também não atendeu aos padrões de beleza... entretanto, quão lindos eles são!
   Por que hoje deseja-se tanto a beleza? Por que são consumidas tantas horas e recursos financeiros para se alcançar conquistas físicas, para rejuvenescer, para atender à ditadura do corpo perfeito? Tudo tão fugaz e passageiro!
   Cuidar do físico sim - é obrigação de todos nós cuidarmos da "máquina"... mas dar a isto prioridade na vida, entristecer-se por não atender ao padrão pré estabelecido (que sempre muda de tempos em tempos) é um terrível engano.
   Por que descobriremos, mais cedo ou mais tarde, que um dia tudo ficará para trás- inclusive nosso lindo corpo - e levaremos conosco somente o que conquistamos com nosso espírito, o bem que fizemos, o amor que doamos...
   Mais uma vez, cito Gibran, esse "gigante" que sabia tão bem escrever sobre as coisas da alma:
  "Apenas o nosso espírito é capaz de compreender a beleza."





quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Tempo, tempo, tempo...

                               

O que dizer a alguém que sofreu o abandono de um grande amor?
Espere o tempo passar, deixe a vida girar, que um dia, quando acordar, perceberá que não doerá mais...
O que dizer à mãe que se despediu de um filho?
Espere que o  tempo, com suas mãos cheias de bálsamo, venha tratar a ferida, suavizar as dores e avivar as lembranças boas, até que chegue o dia do reencontro...
O que argumentar com quem tem pressa, que precisa de um emprego para saldar dívidas e sobreviver de cabeça erguida?
Tenha paciência... busque, persista, mas aguarde... por que no tempo certo virá a solução...
O que dizer a quem está doente, que luta pela vida, onde cada minuto é precioso?
Aproveite bem o tempo! Viva intensamente cada minuto! Não tema, não se desespere, por que o tempo de Deus não é o nosso...
TEMPO!
Remédio bendito para todas as dores.
Juiz implacável que faz girar a roda da vida e distribui a cada um o que lhe compete...
Velho sábio que nos faz compreender, sem palavras, o bem e o mal, os efeitos da inércia e da ação...
O tempo é soberano – ninguém se furta à sua passagem, aos seus efeitos, aos seus benefícios.
Pinta nossos cabelos de branco, abranda nossos corações, torna nosso olhar mais doce, menos afoito, mais tranquilo... traz-nos o benefício da maturidade...
Como diz o Eclesiastes, “tudo tem seu tempo determinado... há  tempo de nascer e tempo de morrer, há  tempo de chorar e tempo de  rir ,  tempo de abraçar e de afastar-se de abraçar, tempo de derrubar e tempo de edificar”...
Quando temos a graça de compreender, que tudo tem seu tempo, tudo tem sua hora, já não há por que sofrer!
Por que temos tanta pressa?
Por que nos comportamos como crianças mimadas e queremos para hoje o que ainda não maturou, o que ainda não está pronto para a ceifa?
Deus é sábio e justo. Confiemos em sua ação através do tempo...
Isso me lembra também o poeta Caetano, na sua belíssima canção entitulada “oração ao tempo”:
        “Compositor de destino, tambor de todos os ritmos
         Tempo, tempo, tempo, tempo
         Entro num acordo contigo!
         (...)
         Peço-te o prazer legítimo
         E o movimento preciso
        Tempo, tempo, tempo, tempo
        Quando o tempo for propício...”

Chega de brigar com o tempo!
Vou entender, de uma vez por todas, que ele é meu aliado...
Vou dar-lhe as mãos e sair por aí, brindando a vida, derramando as lágrimas que forem necessárias, mas com a certeza de que o tempo de rir já está a caminho!


                                     

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Intimação


                                                           


Aos quarenta e cinco anos fui intimada pela vida a mudar.
Intimada, não convidada. Não me perguntaram se eu queria a mudança ou se me sentia preparada para ela...
Tive que mudar: ou fazia isso, ou adoecia.
Adoeci. Tive crises hipertensivas, gastrite, depressão – tudo por que não aceitei a mudança, por que não “digeri” as decepções...
Depois de um ano e meio me debatendo, “remando contra a maré”, veio o cansaço: cansei de sofrer, de lutar contra as circunstâncias que eu não poderia modificar... e  então eu me rendi: “Ok, eu aceito!” Aceito que “perdi” essa batalha (compreenderia mais tarde que às vezes perder é na realidade ganhar), aceito que nem tudo é como a gente quer, que não sou “onipotente” para mudar as pessoas à minha volta, nem a realidade. Entendi que só posso mudar a mim mesma... e comecei a mudança!
A partir do momento que entendi isto tive momentos de paz – de uma paz que não significa ausência de lutas, mas que advém da consciência tranquila de quem sabe que fez o melhor, sabe que lutou, que amou, perdoou, que fez o que podia –  e se mais não fez é por que não sabia, é por que não estava ao seu alcance naquele momento... e quem disse que a paz é um lago tranquilo?
Sigo buscando essa paz, tentando torná-la perene...
Sigo construindo-a dentro de mim, dia a dia, tijolo a tijolo e às vezes em meio a lutas – parece um paradoxo, mas não é!
Tento agora me conhecer melhor. Foram tantos anos voltada para fora de mim... Tantos anos focada nos estudos, no trabalho, na família, no outro...  tantos anos sem saber ao certo de que eu gostava, o que eu queria de verdade, o que me fazia feliz, quais eram os meus projetos – só meus...  sem depender do outro, sem viver os projetos do outro... Por que abrimos mão de tantas coisas para viver um casamento? Por que não entendemos que pela saúde do casamento, para o bem estar do casal,  cada cônjuge deve continuar a ter seus projetos pessoais (desde que estes não coloquem em risco a relação), gostos diferentes, prazeres a serem desfrutados a sós – o casamento não nos funde num só!
E quando achamos que sim então vivemos uma ilusão...
Aprenderia mais tarde o valor da liberdade consentida, da liberdade que não é a ausência de compromisso, mas sim a oportunidade de ser aquilo que se é, de ter o seu próprio espaço, de saber dizer “não”... aprendi que muitas vezes um “não” omitido torna-se mais tarde um grito irrefreável.
A vida nos impulsiona para frente – quer queiramos ou não!
O progresso é lei. As mudanças fazem parte da dinâmica da vida... algumas a gente planeja, escolhe, realiza de bom grado... outras não – mas todas contribuem para o nosso crescimento.
Precisamos estar abertos à elas, recebê-las, aceitá-las, vivê-las plenamente a fim de que realizem em nós aquilo de que necessitamos...
Aprendi que o primeiro passo para a mudança é a aceitação – enquanto não aceitamos os fatos tais como são, enquanto "brigamos" com a realidade, não conseguimos aprender as lições que as novas situações vem nos trazer...  AceitAÇÃO – a ação consentida, consciente, que somos capazes de realizar quando aceitamos a vida sem brigarmos com ela...
Aos quarenta e cinco fui intimada a mudar!  
Chorei, sofri, lutei, esperneei, cansei, deprimi, aceitei, reagi, realizei... e continuo realizando pequenas mudanças a cada dia.
Bendita vida que nos permite mudar... que nos permite recomeçar, fazer diferente, cair, levantar e prosseguir!
Quando receberes da vida uma ”intimação”, não fuja, não tema – aceita e agradece, caminha e realiza, por que Deus tem estradas onde o mundo não tem caminhos e, na Sua Infinita Sabedoria, na lógica perfeita com que conduz as nossas vidas, guia-nos pelas experiências necessárias ao nosso crescimento e à nossa libertação.

domingo, 19 de agosto de 2012

Transitoriedade...

                                               

Esta semana fui convidada pela vida a pensar na transitoriedade das coisas... 

Definitivamente estamos só de passagem!
E não sabemos quando seremos "convidados" ao retorno...
E num hospital, onde se assiste a tantas dores, onde se conhece tantas histórias - de vida, de sofrimento, de luta, de superação, de "testemunhos" - fica ainda mais patente a transitoriedade de tudo!
Um dos maiores desafios da vida é termos essa consciência - nada nem ninguém nos pertence!
Temos somente a nós mesmos - nossas experiências, nossas conquistas, nossas dores, alegrias, aprendizados... Da vida só se leva aquilo que ninguém nos pode tirar, aquilo que se incorpora ao nosso patrimônio intelectual, afetivo, espiritual... só levamos aquilo que não podemos comprar!!!
E para os que argumentam dizendo que "dinheiro não traz felicidade mas manda comprar" é importante lembrar que: o dinheiro paga uma excelente escola - mas não compra o aprendizado; o dinheiro paga um excelente plano de saúde, financia os melhores tratamentos - mas não há como comprar saúde! O dinheiro compra as melhores roupas, paga tratamentos de beleza, mas não há como adquirir elegância, bom gosto, educação! Enfim... entre o que se pode adquirir e aquilo que é conquista intransferível do espírito vai uma grande distância!
Estamos todos no mesmo barco - outra reflexão que se faz num momento de dor, por que esta atinge a todos, indistintamente - somos aprendizes da mesma escola, alguns com mais interesse nas lições, mais vontade de aprender, e outros que ainda pensam que podem "matar aula", "colar" nas provas, sem consciência de que na escola da vida isso não é possível...
Estamos a caminho com as pessoas que nos cercam - parentes, amigos, colegas de trabalho, companheiros da mesma escola religiosa - estamos todos juntos por alguma razão! O mais bonito é perceber que todas as nossas relações vão formando uma enorme "teia" e é nela que encontramos o suporte necessário, os desafios a serem vencidos, as lições a serem aprendidas... todos temos algo a aprender e a ensinar!
E pensando na transitoriedade de tudo (coisas, pessoas, situações), lembremos de treinar o desapego, por que nada nos pertence... e ao refletirmos sobre isso veremos também o quanto tudo é fugaz : alegrias e tristezas, diferenças, mágoas, decepções... tudo fica tão pequeno quando visto de cima! Nos desgastamos tanto por bagatelas, nos preocupamos por coisas tão pequenas!
A vida é um presente maravilhoso... e esta sim não é transitória, por que na matéria ou fora dela, continua sempre!
Ah... que vontade de ser feliz! De curtir a vida, cada momento, cada oportunidade (mesmo as que sejam convites à reflexões dolorosas), cada nascer do sol, cada noite estrelada... poder viver plenamente, ciente da oportunidade maravilhosa que tenho!
E quando vierem as dificuldades, as dores, os testes, que eu possa lembrar que tudo é transitório, que um dia todas as dores terminam... e sorrir confiante, por que a despeito da fugacidade de tudo, a vida é uma festa que jamais termina!






terça-feira, 14 de agosto de 2012

O sono enfermiço da alma...

                                                    
     Algumas pessoas parecem dormir... mesmo quando acordadas, mesmo trabalhando, relacionando-se, vivendo...
       Há uma crescente "anestesia" moral : as pessoas  não despertam por que tem preguiça,  não fazem o certo por que "dá trabalho", não buscam o melhor por que se contentam com o "mais ou menos"...
      Vivem esperando que a vida melhore. Aguardam uma mudança, a chegada de circunstâncias favoráveis sem contudo fazerem por merecer.
      E seguem pela vida de uma forma "medíocre"...  sem grandes conquistas, sem grandes feitos...   Queixam-se e sentem-se injustiçadas por que não atingiram o sucesso que não buscaram, por que não colheram as flores que não plantaram!
         A vida é um celeiro de oportunidades.  Há que se estar atento,  para não perdê-las, para aproveitar a vida de fato e não apenas "passar por ela"... "Deixa a vida me levar, vida leva eu" só mesmo no samba do Zeca Pagodinho! Na vida real temos que tomar as rédeas nas mãos.
     Num mundo de tantas misérias morais, em que pais abandonam seus filhos e  filhos maltratam seus pais, em que o "ter"  vale muito mais do que o "ser", em que a honestidade deixou de ser a regra e passou a ser uma virtude, em que há tanto desamor e tanta dor precisamos estar alertas. Alertas para não errarmos tanto... para não nos deixarmos levar pelos enganos do mundo, pela falsa idéia de que o bem estar encontra-se atrelado às coisas materiais... "Não há nada que um dia no shopping não cure!" Li essa frase uma vez num grande shopping do Rio... que equívoco!
      Não podemos nos permitir dormir o sono enfermiço da alma... por que um dia, forçosamente,  seremos chamados a despertar e nos veremos confrontados com nossas escolhas...
     Ser fiel aos próprios valores, sem deixar corromper-se num mundo de tantos convites é um grande desafio. Mas é essa fidelidade que vai atestar o nosso valor, a nossa tenacidade no caminho da evolução.
      Educar um filho dá trabalho... é muito mais trabalhoso dizer não do que sim! Mas é isso que vai nos dignificar a existência, é esse o papel que se espera dos pais!
   Obter uma graduação é cansativo... requer horas de estudo, dedicação, pesquisa. Mas é isso que vai nos acrescentar como seres humanos, aprendizes que somos na escola da vida. É esse o material que iremos levar conosco - o conhecimento adquirido que nada nos retira!    
    Realizar o auto conhecimento é um processo longo, às vezes doloroso, que requer paciência. Mas é esse mergulho interior e a descoberta das nossas reais imperfeições que nos farão crescer!
    A vida nos apresenta muitos convites ... alguns nos levarão adiante, outros nos farão estacionar na marcha... alguns nos farão felizes de forma perene, outros representam a alegria de um momento que logo se acaba...
    Por que às vezes nos deixamos levar? Por que nos iludimos se já sabemos o que é certo e o que é errado? Nas questões morais não há "meio certo" - ou é ou não é! Mas como somos imperfeitos, nos comportamos às vezes como crianças mimadas e egocêntricas, tentamos achar escapatórias, atenuantes para disfarçar o nosso erro, que vem revelar a nossa fragilidade, o nosso lado "sombra" ainda tão presente!
      Ficar desperto não é fácil. Requer vigilância e oração, paciência, auto análise, persistência nos ideais abraçados...mas sem dúvida alguma é para os que caminham despertos que se descortinará o sol, espancando as trevas, aquecendo os corações e iluminando os caminhos!




sexta-feira, 20 de julho de 2012

Nunca diga "nunca"


                                                                                    

     A vida é muito dinâmica... ela aciona mecanismos, engrenagens, obedecendo a uma lógica que muitas vezes não entendemos, que não alcançamos, mas que é perfeita!
      E temos tanto a aprender com ela!  
     Se quisermos, se estivermos atentos, as lições vêm aos borbotões quando temos “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”, como nos disse o Mestre... mesmo quando não temos essa disposição para aprender, ainda assim somos levados a isto, empurrados pela dor, pela necessidade, pela força das circunstâncias... estamos aqui  para evoluir, e não há como fugir disto!
     Uma das coisas que aprendi foi que não devemos dizer “nunca”...
     Por que não sabemos o dia de amanhã, não temos noção do quanto a vida pode mudar de uma hora para outra, trazendo-nos surpresas, situações nunca antes imaginadas... de repente a "roda gira" e o que estava embaixo fica em cima, quem era triste fica alegre, quem tinha tudo não tem nada, quem estava  perto fica longe, as coisas mudam completamente... de repente, não mais que de repente!
     A vida muda e nos convida a derrubar preconceitos, a vivenciar novas experiências, nos leva a rever nossos conceitos, a mudarmos com ela... e para melhor!
    “Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecados”... frase inesquecível do grande Mestre, que só o tempo e a experiência nos faz ver o quanto é verdadeira! Não podemos julgar a quem quer que seja... como diz a música “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”... cada um sabe o que lhe vai no íntimo – as necessidades prementes, as carências que não se calam, os desejos inconfessáveis, a dor que carrega...
     Todos trazemos em nós vales de silêncio, caminhos inexplorados, montanhas a escalar... não sabemos do que somos capazes – para o bem e para o mal! O que vai nos definir são as nossas atitudes, os nossos pensamentos e sentimentos diante de cada situação nova e inesperada...
      A ética que adotamos, os valores que trazemos estão bem sedimentados?
    O amor que devotamos, a amizade que dedicamos estão imunes aos erros alheios, às “vaciladas” e escolhas equivocadas do outro?
     A fé que dizemos ter está fundada na rocha ou na areia?
     Há respostas que só teremos na prática...
     E  se formos  inteligentes o suficiente para entendermos isto,  então não mais diremos
"nunca”...

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O melhor da queda é o levantar-se!



                                            
                                         
A vida é muito dinâmica... E temos que estar prontos a aprender com ela sempre, em todas as situações! Sem nos envergonharmos de errar, de tentar, de não conseguir. Perder e ganhar... sorrir e chorar... aprender e ensinar... marés cheias e vazantes... tudo é cíclico na vida!
Quando temos esta certeza, de que a poda ocorre para fortalecer a árvore, de que a chuva cai para irrigar o solo, aceitamos que nem todos os dias sejam de sol, aceitamos com tranquilidade os "cortes", as dificuldades, por que sabemos que isto nos fará mais fortes!
Quem nunca caiu? Pelos próprios erros, por pedras lançadas no caminho...
Quem nunca sofreu?
Quem nunca se equivocou, nunca mudou de opinião?
Quem nunca teve que admitir que estava errado?
E ainda bem que somos assim: seres em construção!
Não somos seres "acabados", "engessados" numa só forma... e viva as diferenças! 
A diversidade que nos faz únicos me encanta!
E por que sou aprendiz da vida, por que lido bem com o fato de ainda errar é que digo: o melhor da queda é o levantar-se! A volta por cima... a redescoberta da alegria, da força interior que todos temos mas nem todos sabemos!
Somos "deuses" como nos disse Jesus... muito imperfeitos, é verdade, mas factíveis de atingir a perfeição relativa para a qual fomos criados! Temos infinitas oportunidades para aprender, para acertarmos o passo, para nos renovarmos - e que bom que é assim!
Não faz mal se eu cair... o importante é o que eu vou aprender com essa queda.
Não tem problema se às vezes "perco", se as coisas não saem como eu esperava... o importante é a forma como vou  lidar com isso: como uma criança mimada ou como um adulto equilibrado?
Não faz mal se não temos a aprovação de todos... nem Cristo a teve! O importante é sermos aprovados por nós mesmos, por nossa consciência.
Se cair, levante.
Se sofrer, tenha força... um dia passa!
Se está difícil, peça ajuda... refaça o percurso, reveja conceitos - mude a estratégia!
Ah... bendita escola da vida!
Que me permite errar sem reprovação... que me dá novas chances, de novos aprendizados sempre!
Não importa o tamanho da queda... se nos puxaram o tapete, se nos traíram a confiança, os prejuízos que tivemos... importa a nossa capacidade de dar a volta por cima!
E que delícia é fazer esse caminho! Levantar-se, curar-se, libertar-se!
A vitória sempre vem se acreditamos nela, se desejamos de fato mudar, nos superar.
As maiores dores? O tempo cura.
Os maiores desafios? Podemos vencê-los, ou não estariam postos à nossa frente.
Já caí e me levantei algumas vezes... e estou aqui, sem medo de sofrer, sem medo de errar, mas com muita vontade de acertar!
Confio em Deus. Confio nas Suas Leis, na dinâmica da vida que traz para cada um de nós aquilo de que precisamos para crescer.
É como nos diz o belíssimo texto do Eclesiastes:  "Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de se arrancar o que plantou... tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de dançar"(...)
Lembremos disso quando estivermos sofrendo: o tempo da dor também passará!
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;

Eclesiastes 3:1-2
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;

Eclesiastes 3:1-2


terça-feira, 22 de maio de 2012

Suavidade



Vivemos num mundo estressante, com muitos desafios e muitas exigências: trabalho, estudos, trânsito, violência, dificuldades financeiras, preocupações familiares... tudo concorre para nos deixar num estado de angústia e ansiedade!
Basta correr os olhos à nossa volta para percebermos o quanto estamos “doentes” – a sociedade adoeceu... o tempo parece escoar por nossas mãos e as exigências são tantas! Algumas nos são impostas, outras nós mesmos as criamos...
Vivemos num mundo competitivo, que muda a cada instante (a mídia está aí para nos informar e difundir estas mudanças!), e temos que literalmente CORRER para acompanhar tudo isto, para “dar conta”.
E nessa correria vamos nos perdendo de nós mesmos... vamos esquecendo de nos observar, nos conhecer... vamos deixando de separar o “joio do trigo”, o secundário do essencial, o supérfluo do necessário...
Se não estivermos atentos vamos ao sabor das ondas, levados pela maré... e vamos nos esquecendo como é ser cordial, como é praticar pequenos atos de gentileza, de renúncia, de generosidade... vamos nos esquecendo de expressar carinho, afetividade, gratidão... vamos perdendo a suavidade!
Estamos sempre com pressa! Correndo  e desejando que os ponteiros do relógio parem um pouco, para que possamos ter mais tempo... Mas como se a cada dia assumimos mais compromissos, a cada ano estabelecemos novas metas quando ainda nem demos conta das antigas? Como se estabelecemos tantas "prioridades" nos esquecendo do que é de fato primordial em nossas vidas?
Gosto muito daquela música do Renato Russo, que nos lembra de forma poética e numa melodia gostosa de que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”...
Estamos perdendo muita coisa na correria da vida!
Perdemos alguns pores do sol maravilhosos... perdemos a alegria de parar em frente ao mar só para admirá-lo, ouvir suas ondas... perdemos a capacidade de olhar nos olhos do nosso vizinho, do nosso cônjuge, do nosso irmão, e com um sorriso sincero desejar um “bom dia”... perdemos a oportunidade de brincar com nossos filhos, de passear de mãos dadas com quem amamos... tudo por que não temos tempo! E sobretudo, na correria, na pressa do dia a dia,  perdemos a suavidade.
O homem perdeu-se de si mesmo, e nesta confusão em que se encontra, num labirinto de desejos, de emoções às vezes contraditórias, ele “tranca-se” em si mesmo: não partilha seus problemas, não divide suas alegrias. E por que pensa que o outro não se importa, por que teme que o outro não compreenda, muitas vezes é ríspido, é insensível... às vezes polido, educado... porém frio!
A suavidade anda sumida... há tempos que não a vejo, por que todos tem pressa, todos falam alto, todos exigem seus direitos, acham-se com a razão... e esquecem que podemos ser suaves ao defender nossos pontos de vista, porém firmes – uma coisa não exclui a outra!
        Jesus é o maior exemplo de suavidade e firmeza! Quando estava de mãos atadas, na presença do sumo sacerdote e apanhou do soldado romano, que lhe esbofeteou a face, ele indagou – sem agressividade, sem elevar a voz – “Por que me bateste?”
        Quantos de nós por muito menos nos descontrolamos? Nos desequilibramos quando algo não sai como planejamos, somos agressivos e nos iramos com frequência, quando seria muito melhor mantermos a calma. A agressividade, a ira, a impaciência não contribuirão em nada para amenizar a nossa frustração, para melhorar a situação.
       Temos que encontrar o endereço da suavidade... e nos “encharcarmos” dela a fim de nos desestressarmos! Temos que conquistar a afabilidade e a doçura, deixar que façam parte da nossa vida, do nosso dia a dia...
        Não é fácil andar na companhia dessas duas "moças" – é preciso desacelerar, é preciso ter tempo para amar, para refletir, para viver!
        Não é uma conquista fácil, mas sem dúvida vale muito a pena, por que, afinal de contas, quando formos brandos, mansos, afáveis – quando formos suaves – nada mais nos desequilibrará, por que a suavidade e a brandura, antes de se espraiarem de nós estarão em nós, brindando-nos com sua companhia e dando-nos tranquilidade nos embates da vida!

        

domingo, 6 de maio de 2012

Desapego - um difícil exercício!




Desapego – que difícil exercício em nossas vidas!
Muitas vezes nos apegamos a coisas, situações, pessoas, pela idéia equivocada de que aquilo nos pertence, pelo costume que se formou, pelo medo do novo, do “desafio do desconhecido”... sem nos darmos conta da transitoriedade da vida, do quanto tudo é fugaz  - queremos o tempo todo  negar a  impermanência!
Assim também em nossos relacionamentos. Como é difícil amar com desapego, com total consciência de que o outro não nos pertence, não é “nosso”, mas sim um companheiro de jornada que naquele momento está escolhendo caminhar conosco...  isso vale para todos os que caminham conosco: pais, filhos, amigos, namorados, cônjuges, parentes...  Acontece que a vida é dinâmica, de repente as coisas mudam e  podemos não ser mais a escolha do outro, às vezes as pessoas mais próximas de nós podem desejar fazer novos percursos, podem desejar o afastamento ... o que fazer então?
É uma experiência muito dolorosa – só quem já passou sabe. Principalmente se ainda amamos e desejamos a companhia daquele ser com o qual nos acostumamos a dividir a vida... mas nem sempre há uma sincronia nos desejos – o nosso pode estar com o outro, mas o do outro não estar conosco... Nesses casos só nos resta aceitar,  por mais que doa. Não há nada que se faça, que se diga, que tenha o poder de colocar sentimento e desejo no coração de alguém – simplesmente eles existem ou não! E se somos maduros emocionalmente não vamos querer ninguém “atrelado” a  nós se não for por vontade, por desejo, por amor...
Ter o coração partido é uma das experiências mais dolorosas da vida... é uma dor que não tem tamanho, não há como mensurar. Dói tanto que a dor  chega a ser física. Mas quando os fatos assim se apresentam – a relação chegou ao fim, o outro não mais nos deseja por companhia, não mais nos elege para dividir a vida, os planos, os sonhos, a cama... a única saída é a aceitação!  De que adianta “brigar”?  Acaso um amor disputado “a tapa”, ou mantido na base do convencimento, da persuasão  é o que queremos? É claro que não. Todos queremos ser amados pelo que somos e como somos. Queremos ser  a escolha  legítima e sincera do outro – esse o amor que desejamos.
“Só podemos chegar ao novo quando desapegamos do velho”, diz-nos a frase cheia de sabedoria...
Dói praticar o desapego, somos muitas vezes como “crianças espirituais” – imaturas, egoístas, crianças que não querem “perder”... mas é necessário lidar com as perdas, com as frustrações – isso nos faz crescer, nos faz mais fortes.
Todo amor vale a pena. Não importa se foram muitos anos, se foram meses, semanas – importa a qualidade, a intensidade e a sinceridade daquilo que se viveu. E quando o amor acaba, ainda que haja sofrimento e dor (e como há!), ficam as boas lembranças  que um dia não doerão mais, ficam os aprendizados que nos preparam para um próximo relacionamento, ficam as marcas indeléveis de momentos partilhados, as associações que sempre serão feitas ligando lugares, cheiros, canções, à história por nós vivida... só não deve ficar conosco a mágoa, o rancor, o ressentimento (ressentir é “sentir de novo”, é reviver  a dor pungente muitas e muitas vezes...), por que  nos fazem muito mal. 
Quando o amor acaba, ou quando ele se transforma (muitas vezes não acaba, transforma-se em amor-amizade, amor-gratidão, amor fraternal), é importante que consigamos extrair dele o melhor, nos tornarmos pessoas melhores depois da experiência, ainda que dolorosa. Cada experiência, cada aprendizado, cada lágrima nos fortalece e prepara para algo melhor que virá.
O fim de um amor não significa somente um final triste e doloroso de algo que um dia já nos preencheu a vida de alegrias. Significa também o começo de um novo ciclo, o convite da vida a nos “desapegarmos” e seguirmos em frente, ao encontro do novo que virá... novas situações, novas experiências, novas pessoas a conhecer, novas paisagens a vislumbrar...
E tenhamos certeza: o novo sempre vem! E se soubermos passar pelo difícil período da transição, se soubermos aprender as lições que ele nos deixa, veremos que de fato, como assegura Paulo de Tarso em sua epístola aos Romanos:  “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus”!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Aniversário


A vida é um grande presente que nos foi dado! 
E fazer aniversário, completar mais um ano de chegada a este planeta-escola significa estarmos na luta, significa que "arquivamos" mais um ano de experiências, de aprendizados... e que estamos ganhando, não sabemos por quanto tempo mais, novas chances de aprendizado.
Neste momento feliz de comemorações, para os mais sensatos, para os que se preocupam com o que vieram fazer aqui, é também hora de refletir, de repensar nossa história... o que precisamos mudar? O que está dando certo e o que não está?
Conheço algumas pessoas que dizem não gostar de seu próprio aniversário... e eu penso: como assim? Será que não gostam de estarem vivas?!? Será que o fato de ficarem mais velhas se sobrepõe à alegria de estarem vivas e mais experientes?
Por que a vida é uma festa, e estarmos vivos, comemorando mais um ano é uma grande alegria!
Toda idade tem seus encantos e suas dificuldades... e o que a maturidade nos traz, para quem sabe amadurecer, é uma conquista maravilhosa...
Tudo bem que nem todos os anos são fáceis... que em alguns períodos nos encontramos em difíceis processos de mudança, em dolorosos momentos de crescimento - mas a dor faz parte da vida... crescer dói! E quem disse que seria fácil? Cristo não prometeu facilidades para aqueles que o seguissem... mas prometeu que quem perseverasse até o fim seria salvo!
E o que seria "perseverar até o fim"?
É uma boa reflexão...
Podemos fazer uma "leitura" espiritual, no sentido de perseverarmos na busca da evolução do nosso espírito, mas também podemos realizar uma "leitura" prática... quantas vezes abandonamos sonhos e projetos pelo caminho somente por que se tornam difíceis de conquistar? Quantas vezes iniciamos uma mudança interior e deixamos que velhos vícios e condicionamentos nos vençam? Quantos sonhos acalentamos e não temos coragem de colocar em prática, ou nos escondemos atrás do velho "mito" da falta de tempo? O tempo é recurso escasso nos dias atuais: há que ser bem administrado se não quisermos "passar" pela vida sem vivê-la dignamente...
Por isso, há que se "fazer" o tempo para a família, para o estudo, para os amigos, para o trabalho, o lazer... e sobretudo para Deus.
É uma questão de prioridades - o que estamos elegendo como prioritário em nossas vidas?
Estamos perseverando em nossos projetos e ideais, ou caminhando como sugere o samba do Zeca Pagodinho: "deixa a vida me levar, vida leva eu"? 
Estamos com as rédeas de nossa vida nas mãos ou somos conduzidos pelas circunstâncias, caminhando com a "grande massa" sem nos darmos conta de para onde estamos indo? 
É certo que a nossa condução vai até um certo limite, pois em nossas vidas surgem situações que não podemos prever ou modificar, por mais que queiramos... então é hora de colocarmos em prática a linda "Oração da Serenidade", que em suas sábias linhas roga a Deus a serenidade necessária para aceitarmos as coisas que não podemos mudar, coragem para modificar aquelas que possam ser mudadas... e sabedoria para distinguir umas das outras! 
Aniversário é tempo de reflexão... é o início de um novo "ano pessoal", um novo ciclo solar em nossas vidas, dizem os numerólogos, os astrólogos... não é à toa que minha mãe, na sua sabedoria de vida, costuma dizer: "depois do aniversário tudo melhora"!
Novo ciclo, novas esperanças, novo plantio... 
"Aquele que perseverar até o fim será salvo"... que possamos perseverar em nossos propósitos de mudança, em nossos ideais de felicidade... que possamos perseverar mesmo quando nossos objetivos sejam tão diferentes da grande maioria... mesmo quando isso signifique "nadar contra a maré", por que, como dizia a grande Madre Teresa: "no fim das contas, é entre você e Deus".
Feliz aniversário para todos nós!

segunda-feira, 19 de março de 2012





Por quê nos decepcionamos?

Talvez por que sempre esperamos demais... de nós mesmos, do outro, da vida...

O segredo, penso eu, deve estar em viver sem esperar muita coisa: fazermos o que nos compete, realizarmos bem aquilo que é nosso dever, e não esperar retorno... fazer bem feito pelo simples prazer de cumprir a nossa parte, de agirmos bem, de tratarmos o outro da maneira como desejamos ser tratados... mas sem qualquer expectativa.

"Cada um dá o que tem", diz o ditado popular... sabedoria que emana da boca do povo!

Se eu dou daquilo que tenho e se tenho educação, amor, ética, vou interagir com as pessoas utilizando-me desses valores, não importa que não haja reciprocidade. Não me tornarei grossa por que o outro é grosso, não mentirei por que o outro mente... e por aí vai... enganam-se os que pensam que o comportamento do outro é que deve determinar o nosso... não estamos mais no tempo do "dente por dente, olho por olho".


A educação, a cultura, os valores que cada um traz consigo é que nos difere, não devemos nos "nivelar"... se for preciso, vamos nadar contra a maré, caminhar na contramão!
E por mais que o outro nos decepcione não vamos deixar de ter fé na vida, fé no homem, nos valores que sobrevivem apesar de tanta vulgaridade e falta de ética...
Há que se acreditar que o bem é vitorioso sempre - ainda que haja a falsa aparência de que o mal triunfa...
Ao longo da vida vamos "colecionando" decepções... o amigo que não foi tão leal quanto imaginávamos, o curso que não nos atendeu as expectativas... o chefe que não sabe liderar, o parente difícil que não nos compreende, o cônjuge que não é companheiro, o filho que não é estudioso... mas se fizermos uma análise apurada vamos perceber que todas elas foram geradas por nós! Pela nossa grande expectativa em relação às pessoas, aos acontecimentos, e até mesmo em relação a nós próprios...
Temos que aprender a lidar com nossas decepções,  sobretudo avaliando a nossa responsabilidade sobre elas...
Quando eu me decepciono, estou diante de algo que criei, por que não soube enxergar a realidade, por que fantasiei os acontecimentos, por que esperava demais...
O ideal é viver a cada dia doando o melhor de nós... por que a vida nos devolve sempre aquilo que ofertamos.
Que a nossa decepção, quando houver, seja somente conosco: por não conseguirmos vencer a nós mesmos, por que  não nos esforçamos o suficiente para atingir nossas metas... mas ainda assim, cabe-nos erguer a cabeça e prosseguir tentando, afinal de contas, somos meros aprendizes e, por que somos espíritos, somos imortais... 
Não nos falta tempo para recomeçar!