segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Diversidade e beleza

                                     
    Aprendi, desde muito cedo, que o belo é um conceito muito relativo!
   A diversidade da vida sempre me encantou... tantas formas, tantas cores, tons, semitons...
   Vejo-nos a todos como seres únicos e, embora imperfeitos, embora "seres em construção", todos trazemos conosco nossa beleza peculiar!
   Onde se convencionou que o belo é deste ou daquele jeito?
  "A beleza está nos olhos de quem a vê", diz um sábio ditado...
   Por que então vivemos hoje a "ditadura" da moda, da magreza, dos cabelos lisos cheios de química, das clínicas de estética cheias de gente... todos correndo atrás da beleza efêmera!
   O homem saiu do "eixo", desequilibrou-se, perdeu o contato consigo mesmo e com Deus.
   Corremos na histeria da vida... precisamos trabalhar mais, para ganhar mais e gastar mais também...
    Onde a simplicidade? Onde a serenidade, a falta de pressa?
   O tempo para ouvir o outro, para doar-se... o tempo para admirar a beleza de um pôr de sol?
   E nessa corrida louca vamos nos afastando cada vez mais do que é essencial, deixando o centro, o foco, para nos ocuparmos do que é periférico...
  E a beleza surge como um impositivo, de maneira deturpada, como se fosse uma chave que abre muitas portas e por isso todos a desejam, vendo-a como um atributo físico somente e não como um conjunto de valores do ser humano que transborda e vivifica-se na aparência, no sorriso, no olhar, na energia que emitimos...
   O grande escritor Kalil Gibran escreveu, com a sabedoria que lhe era peculiar: "A verdadeira beleza é um raio que emana das profundezas do espírito, iluminando o corpo".
   Conheci certa vez uma menininha... havia sofrido paralisia cerebral... era tão doce, tão suave... seu corpo deformado... mas tinha um brilho no olhar, um jeito que era só seu, que me cativou profundamente... e como era bonita!
   Vejo a beleza nas rugas do rosto do ancião, no seu olhar manso e pacífico... vejo beleza nas mãos brutas dos que trabalham pesado... vejo beleza numa pequenina flor, que se oferece graciosa na beira da estrada...
   O belo é construção da alma... e quando conseguimos compreender isso alargamos os nossos paradigmas e passamos a ver beleza em tudo... inclusive em nós! Não a beleza da estética perfeita, da ausência de rugas, de cicatrizes, de celulites, a beleza da roupa bem talhada... nada disso! Vemos a beleza que transparece em cada ser... a beleza da alma, dos sentimentos, da nobreza de caráter... por que tudo e todos trazemos as marcas do Criador.
   A verdadeira beleza é uma conquista do espírito e nada tem a ver com estética.
   Dizem os biógrafos que Francisco de Assis não era um homem bonito. Teresa de Calcutá também não. Francisco Cândido Xavier também não atendeu aos padrões de beleza... entretanto, quão lindos eles são!
   Por que hoje deseja-se tanto a beleza? Por que são consumidas tantas horas e recursos financeiros para se alcançar conquistas físicas, para rejuvenescer, para atender à ditadura do corpo perfeito? Tudo tão fugaz e passageiro!
   Cuidar do físico sim - é obrigação de todos nós cuidarmos da "máquina"... mas dar a isto prioridade na vida, entristecer-se por não atender ao padrão pré estabelecido (que sempre muda de tempos em tempos) é um terrível engano.
   Por que descobriremos, mais cedo ou mais tarde, que um dia tudo ficará para trás- inclusive nosso lindo corpo - e levaremos conosco somente o que conquistamos com nosso espírito, o bem que fizemos, o amor que doamos...
   Mais uma vez, cito Gibran, esse "gigante" que sabia tão bem escrever sobre as coisas da alma:
  "Apenas o nosso espírito é capaz de compreender a beleza."





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