segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Crise



Estamos vivendo tempos difíceis... tempos de crueldade, desesperança, desamor...
Abro o jornal e me deparo a cada dia com mais notícias ruins... corrupção, violência, guerra, o drama brutal dos refugiados - vivemos hoje uma crise mundial,  que não é apenas econômica, ideológica, social, política. É também uma crise de valores,  vivemos dias em que grassam o egoísmo, a vaidade, o consumismo, o desrespeito e escasseiam educação,  fraternidade, solidariedade...
Vivemos entre o espanto e a descrença, entre a indignação e a revolta.
Falta-nos um norte... O que podemos esperar??
A crise se agrava. Nunca se viu tanta corrupção, tanto roubo, malversação do dinheiro público! Os preços disparam. O desemprego aumenta. A violência também... vive-se hoje no Rio de Janeiro uma "guerra civil" sem precedentes. Falência absoluta do Estado em todos os aspectos, não somente o econômico.
No panorama mundial as cenas são aterradoras. Assistimos em tempo real guerras, desastres naturais, ataques terroristas, desespero...
Isso tudo me faz lembrar um trecho do Evangelho de Mateus, no capítulo 24,  também conhecido como "sinal dos tempos" em que o Cristo, entre outras coisas, nos diz que "nação se levantará contra nação, e reino contra reino, haverá fomes e terremotos em vários lugares" e mais adiante diz:   "ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias", numa clara referência ao sofrimento das mães pelo futuro incerto de seus filhos nesses dias difíceis que viriam...
E eis que esses dias chegaram! E vieram com surpresas inimagináveis, como a eleição do novo presidente americano, para espanto e temor de muitos...
"E são chegados os tempos"... diz uma música que eu amo.
Chegou o tempo, agora mais do que nunca, de agirmos no bem! De vibrarmos amor e paz para o nosso planeta, nossa Terra, nossa escola!
Precisamos começar agora, sem demora, a revolução silenciosa do amor.
Nestes tempos em que a violência virou banalidade, em que as cenas tristes são vistas nas telas de nossas tvs diariamente e a muitos já não chocam mais... tempos em que os valores que realmente importam perderam a primazia nas famílias... tempos difíceis de agressividade gratuita, sexo banalizado, corrupção generalizada, precisamos urgente fazer uma corrente e caminharmos juntos na "contramão" dessa avalanche... precisamos ser a voz que se levanta, pacificamente, contra o que está posto... as mãos que realizam, o pensamento que se eleva, o coração que acolhe!
Penso com tristeza nas milhares de  pessoas que largaram seus lares, suas famílias, amigos, amores... deixaram TUDO! E caminham sem rumo, sem saber o que virá, contando unicamente com a esperança de dias melhores, de recuperarem a dignidade humana, o respeito... caminham para fugir da morte e do terror de uma guerra insana.
Doloroso demais ver aqueles botes frágeis repletos de homens, mulheres, crianças...
Em pleno século XXI assistimos perplexos a este exôdo cruel!!
O que nós, que estamos tão distantes podemos fazer? Perguntarão alguns...
Podemos orar, pensar positivamente. Emanar amor. Vibrar por esses irmãos (sim, eles são nossos irmãos, não importa a etnia, a crença, a distância!), que vivem essa trágica realidade, desejando que o mundo desperte, que sejam acolhidos, que seus sofrimentos sejam abrandados...
Precisamos sintonizar com o amor, vivenciá-lo, emaná-lo... pensamento é vida, é força criadora, energia que se espraia...
A crise do mundo é também uma crise de falta de amor!
Temos que cuidar para que nosso amor não esfrie, como previu o Cristo (..."devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará... mas aquele que perseverar até o fim será salvo!" Mateus, 24:12,13).
Perseverar, até o fim! Amar, ainda que doa. Amar, ainda que não nos compreendam, ainda que seja um desafio.
Sem desânimo. E se o abatimento vier, que possamos pedir ajuda, buscar a sustentação na prece, na família, nos amigos... e prosseguir!
Há que se ter esperança, por mais difícil seja a realidade. E precisamos ser arautos dessa esperança, em meio a tanta revolta e queixas. Ser quem enxerga além, e, por isso, mantém a serenidade.
O mundo já atravessou épocas sombrias, em que a perversidade, a ambição e a ignorância fizeram milhões de vítimas. Mas sempre houve superação. Sempre chegou ajuda, de diferentes maneiras... e a Humanidade se reconstruiu!
Deus age por diversas formas, inimagináveis e incompreendidas por nós, mas age!
Diz um ditado popular... "no fim, tudo dá certo... se ainda não deu certo, é por que não chegou ao fim."
E sabemos que não há um "fim" - mas encerramento de ciclos, para dar início a um novo tempo.
A Terra passa por uma transição, um momento que se mostra desafiador - mas chegará ao porto. Jesus está no leme. E quando nos sentirmos cansados, lembremos de suas palavras, tão consoladoras para esses dias que atravessamos: "No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo - eu venci o mundo!"

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Mudanças...


Todos na Terra tem seu quinhão de dor... sem regime de exceção...
A Terra não é uma "estação de férias", embora muitas pessoas se comportem como se estivessem em permanente recreio.. até que chegue a visita indesejada da dor! 
Até o momento de despertar e compreender que viemos aqui para crescer, para algo mais que dormir, comer, namorar, trabalhar... viemos para nos tornarmos melhores - e crescer dói!
Há quem suporte dores acerbas com um sorriso nos lábios, com olhar sereno, a tal ponto que  quem não saiba ou não conheça, não suspeite as dificuldades que enfrenta, as dores morais que carrega!
E há os que gritam, "esperneiam", revoltam-se, reagem como crianças mimadas - mas não conseguem livrar-se da dor... pelo contrário,  a inconformação faz doer mais!
Se algo a vida me ensinou é que aceitar dói menos, que vale mais a pena perguntar-se "para que?" ao invés de "por que?"...  Para que isso está acontecendo? Que lição veio me trazer? O que devo modificar?  Muitas vezes não entendemos o por quê dos acontecimentos... resta-nos seguir adiante e enfrentar o que chega sem aviso, sem convite, o que chega de improviso e muda nossa vida... sem perder a fé, sem perder a esperança, cultivando a certeza de que as mudanças que não escolhemos e que nos são impostas, de alguma forma vem nos mudar e a nossa vida para melhor - ainda que de início não compreendamos!
Como diz a belíssima "oração da serenidade", devemos pedir ao Pai serenidade para aceitar as coisas que não podemos modificar... coragem para modificarmos aquelas que podem ser modificadas... e sabedoria para distinguir umas das outras!
Entendi, ainda que tardiamente (ah como queria ter entendido antes!), que na vida, de fato, só posso mudar a mim mesma... que não se pode mudar a ninguém, nem aos fatos que estão postos, sobre os quais não temos domínio!
A mudança é um roteiro individual, no qual  cada um é seu próprio roteirista, diretor e ator principal.  
Mudar é decisão que parte de dentro para fora... leva tempo, maturação, por que decidimos mudar mas o "homem velho" ainda habita em nós!  É uma decisão que precisa vir acompanhada de perseverança e de auto-perdão, por que mesmo desejando fazer diferente ainda incidiremos algumas vezes no mesmo erro. É ensaio, erro e acerto, repetição, repetição, repetição... 
Aprendi que posso mudar a forma de ver as coisas, de "sentir" os fatos - aprendi a não levar para o lado pessoal! Aquilo que o outro diz ou faz não é necessariamente "para mim", mas é o conteúdo pessoal dele, é o que ele tem a ofertar - e não é exclusivo para mim, mas para todos. Se repararmos bem, o arrogante será arrogante com todos à sua volta (exceto com aqueles que são mais poderosos que ele), o mentiroso mentirá repetidas vezes, para várias pessoas, não só para nós... quem gosta de falar mal, de apontar o dedo, de ver o lado negativo, age assim com todos... não levar para o lado pessoal economiza muitos dissabores, mágoas infundadas, tristezas desnecessárias!
Sempre ouvi minha mãe dizer duas frases, que hoje compreendo a sabedoria delas: "cada um na sua"  e  "cada um dá o que tem".
Partindo dessas duas premissas, hoje sei que cada um se encontra de fato "na sua" - no seu campo vibratório, na sua sintonia, sua faixa de interesses - e atrairá os iguais (como dizia uma querida amiga "lé com lé, cré com cré"), e muitas vezes a dificuldade de relacionamento, as decepções e ressentimentos vem do fato de não compreendermos que cada um tem o direito de estar "na sua" - todos temos o livre arbítrio, e cada um faz as suas escolhas! E se eu não me adapto, se não compartilho aquela sintonia, devo afastar-me  - simples assim!  
Hoje compreendi também a profundidade que há na afirmação "cada um dá o que tem"... e entendo que às vezes a pessoa nos faz um mal não por "maldade" premeditada, às vezes nem pretendia nos ferir! Mas pelo simples fato de que traz o interior conturbado, desequilibrado, amargurado. Às vezes as pessoas ainda não aprenderam a ser boas, generosas, a perdoar, a serem fraternas - ninguém consegue por muito tempo negar a sua própria natureza!  Muitos de nós somos diamantes brutos, sem brilho e com muitas impurezas... outros já estão no trabalho de aperfeiçoamento, com visíveis melhorias... e alguns poucos já tem seu brilho próprio, por que conquistaram, por que batalharam, por que cumpriram o seu processo de crescimento...
Certo é que todos nascemos para brilhar... "Brilhe a vossa luz" - disse-nos o Mestre.
E não há como conquistar o brilho sem mudar... sem as necessárias transformações.
Tenho mudanças a fazer... algumas já consegui realizar, outras estou tentando anos - mas refletindo sobre isto vejo que o fato de reconhecer que há trabalho a fazer, que o desejo da mudança precisa sair do campo do "desejo" e passar para a ação, já é um primeiro passo... por que observo que há muitas pessoas que nem sequer se dão conta de que precisam mudar - que simplesmente estagnaram!
Sinto que as mudanças urgem... o tempo avança inexorável!
É  preciso arregaçar as mangas e começar. Disciplina, muita disciplina... para conquistar o brilho que é nosso destino!
Lembro-me de Caetano, em sua música-poesia, "oração ao tempo":
"De modo que o meu espírito
 Ganhe um brilho definido
 Tempo Tempo Tempo Tempo
 E eu espalhe benefícios..."